ATA
DA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 17-5-2010.
Aos dezessete dias do mês de maio do ano de dois mil e
dez, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a
segunda chamada, respondida pelos vereadores Airto Ferronato, Aldacir José
Oliboni, Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Dr. Raul, Dr. Thiago Duarte,
Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna, Haroldo de Souza, João Antonio Dib,
João Bosco Vaz, Juliana Brizola, Luiz Braz, Nelcir Tessaro e Paulinho Ruben
Berta. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos
os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli Sell,
Alceu Brasinha, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Elias Vidal, Idenir Cecchim,
João Carlos Nedel, Maria Celeste, Mario Manfro, Maurício Dziedricki, Mauro
Pinheiro, Mauro Zacher, Nilo Santos, Paulo Marques, Pedro Ruas, Reginaldo
Pujol, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. À
MESA, foram encaminhados: pelo vereador Aldacir José Oliboni, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 240/09 e 072/10 (Processos nos 5365/09 e
1521/10, respectivamente); e pelo vereador Luiz Braz, o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo nº 008/10 (Processo nº 1497/10). Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 012/10 (Processo nº 1106/10),
de autoria da vereadora Maria Celeste, deferido pelo senhor Presidente,
solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia
quatorze de maio do corrente, no Encontro Regional dos Conselheiros do Vale do
Taquari, na Câmara Municipal de Estrela – RS. Do EXPEDIENTE, constaram
os Ofícios nos 397480, 397482, 398628, 398682, 399766 e 399852/10,
do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Durante a Sessão, constatada
a existência de quórum deliberativo, foram aprovadas as Atas da Trigésima,
Trigésima Primeira, Trigésima Segunda, Trigésima Terceira, Trigésima Quarta,
Trigésima Quinta e Trigésima Sexta Sessões Ordinárias. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciou-se a vereadora Fernanda Melchionna. Em GRANDE EXPEDIENTE,
pronunciaram-se os vereadores João Antonio Dib e Luiz Braz, este em tempo
cedido pelo vereador João Bosco Vaz. Na oportunidade, o senhor Presidente
registrou a presença, neste Legislativo, de estudantes do Colégio Israelita
Brasileiro, que participam do Programa Vereador Mirim, atividade de educação
política e cívica promovido por essa instituição junto a seus alunos. Às
quatorze horas e quarenta e um minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e dois minutos,
constatada a existência de quórum. Após, em face de Questão de Ordem formulada
pelo vereador Pedro Ruas, o senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca da
destinação do período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia vinte de maio
do corrente para prestação de contas do Instituto Sollus. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Engenheiro Comassetto, Pedro Ruas, este
pela oposição, e João Antonio Dib, este pelo Governo. A seguir, constatada a
existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Após, foi apregoada a Emenda
nº 02, de autoria dos vereadores Engenheiro Comassetto, Líder da Bancada do PT,
e Carlos Todeschini, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 206/09 (Processo nº
4269/09). Também, foi apregoado o Projeto de Resolução nº 013/10 (Processo nº
1572/10), de autoria do vereador Dr. Thiago Duarte. Em Discussão Geral e
Votação, foi apreciado o Projeto de Lei do Legislativo nº 161/09 (Processo nº
3619/09). Foi aprovada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo
nº 161/09. Foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 161/09. Em Votação,
foi aprovado o Requerimento nº 037/10 (Processo nº 1858/10). A seguir, foi apregoada
a Emenda nº 02, de autoria dos vereadores Dr. Raul, Líder da Bancada do PMDB, e
Dr. Thiago Duarte, ao Projeto de Lei do Legislativo nº 108/09 (Processo nº
2575/09). Em Discussão Geral e Votação, foi apreciado o Projeto de Lei do Legislativo
nº 108/09 (Processo nº 2575/09), após ser discutido pelos vereadores Aldacir José Oliboni,
João Antonio Dib, Fernanda Melchionna, Sofia Cavedon, Dr. Thiago Duarte, Dr.
Raul, Paulinho Ruben Berta, Maria Celeste e DJ Cassiá. Durante a apreciação do
Projeto de Lei do Legislativo nº 108/09, o vereador Pedro Ruas cedeu seu tempo
de discussão à vereadora Fernanda Melchionna. Foi aprovada a Emenda nº 01
aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 108/09. Foi aprovada a Emenda nº 02
aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 108/09. Foi aprovado o Projeto de
Lei do Legislativo nº 108/09. Em Discussão Geral, 1ª Sessão, esteve o Projeto
de Emenda à Lei Orgânica nº 001/10 (Processo nº 0662/10). Em Discussão Geral e
Votação, foi apreciado o Projeto de Lei do Legislativo nº 206/09 (Processo nº
4269/09), após ser encaminhado à votação pelos vereadores Carlos Todeschini,
Fernanda Melchionna, Beto Moesch e Idenir Cecchim. Foi aprovada a Emenda nº 02
aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 206/09. Foi rejeitada a Emenda nº 01
aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 206/09. Foi aprovado o Projeto de
Lei do Legislativo nº 206/09. Após, o senhor Presidente informou a retirada do
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 014/06 (Processo nº 3732/06) da
priorização para a Ordem do Dia da presente Sessão. Em prosseguimento, o senhor
Presidente declarou encerrada a Ordem do Dia. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se
os vereadores Nelcir Tessaro, Paulinho Ruben Berta, Pedro Ruas e Reginaldo Pujol.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Haroldo de Souza, Beto
Moesch e Dr. Thiago Duarte. Às dezessete horas e onze minutos, nada mais
havendo a tratar, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores
Nelcir Tessaro, Mario Manfro e Bernardino Vendruscolo e secretariados pelo
vereador Bernardino Vendruscolo. Do que eu, Bernardino Vendruscolo, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada,
será assinada por mim e pelo senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª
Fernanda Melchionna está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadoras, colegas
Vereadores, público que nos assiste, colegas da Casa; na sexta-feira, eu e o
Ver. Pedro Ruas estivemos representando o nosso Partido na mobilização dos
municipários da nossa Cidade em frente à Prefeitura Municipal. Os mesmos
municipários que têm uma defasagem salarial de vinte por cento - são milhares
de trabalhadores que recebem um salário básico inferior ao salário mínimo
nacional -, os mesmos municipários que penam com as condições de trabalho, que
começaram sua campanha salarial ainda em março deste ano, que esperaram três
semanas para ser recebidos pela Prefeitura, que ficaram duas horas na reunião
da Prefeitura, com os Secretários, tiveram que ouvir que não poderão ter os seus
salários repostos nos dez por cento - nem chega a ser os vinte da defasagem
salarial - por conta, acreditem, da crise grega. Por isso eu trouxe, Ver. João
Antonio Dib, um presente para os representantes do Governo: um frasco de óleo
de peroba, para ajudar na maquiagem antes de se reunirem com os municipários!
Era só o que faltava a Prefeitura dizer que não tem condições de dar aumento
para os municipários por conta da crise grega. (Mostra o frasco do óleo de
peroba.) A Prefeitura Municipal, que em 2009 arrecadou mais recursos do que em
2008, mesmo diante da crise internacional, tem a cara de pau de dizer para os
municipários de Porto Alegre que não pode dar reajuste e, ainda, não apresenta
nenhuma proposta, Verª Juliana, para as vinte e três mil pessoas que constroem
os serviços públicos da cidade de Porto Alegre.
Aliás, é a mesma cara de pau que tem o Pasok, lá na
Grécia - houve um grande movimento internacional, incluindo o Brasil, para
ajudar financeiramente, para salvar, entre aspas, a economia grega -, de pegar
milhões de dólares, reais e euros para salvar os banqueiros internacionais - os
bancos franceses, os bancos alemães -, enquanto faz um plano de austeridade
tirando direitos dos trabalhadores gregos: dez a vinte por cento de redução
nominal dos salários dos gregos, aumento e facilitação para as demissões dos
trabalhadores gregos, aumento de dez por cento nos impostos da gasolina, que a
gente sabe que faz aumentar tudo nessas economias, enquanto a Grécia é um país
que tem trinta por cento de trabalhadores informais; enquanto a Grécia é um
país que tem índice de vinte por cento de desemprego entre os jovens e os
trabalhadores. Mas a Grécia, felizmente, tem mostrado nas ruas a resistência
daqueles que não aceitam o fato de os governos terem a cara de pau de dizer que
o dinheiro público, o dinheiro doado e o dinheiro dos salários dos
trabalhadores gregos têm que salvar os especuladores e os banqueiros. Esses
jovens trabalhadores que, no 05 de maio deste ano, protagonizaram uma greve de
milhares de pessoas na Grécia, essa juventude que é fruto e é parte das
mobilizações em defesa dos seus direitos naquele país tem dado um recado para o
mundo inteiro. Tem dado o recado de que é necessário se organizar, tem dado o
recado de que é necessário se mobilizar, tem dado o recado de que não vão
aceitar as mentiras do Pasok, para retirar direitos dos trabalhadores gregos e
do resto da Europa, que também tem altos índices de endividamento. Felizmente,
a resistência ronda todo aquele continente.
E é bem assim que tem que funcionar aqui no Brasil,
para resistir à cara de pau dos Governos que dizem que não podem defender o
serviço público enquanto sobra dinheiro para a terceirização, que, via de
regra, é a porta aberta para a corrupção e é a forma que se usa para transformar
os serviços públicos de Porto Alegre em serviços de péssima qualidade. Esse
Governo que diz que não tem dinheiro para dar reajuste aos aposentados é o
mesmo, Ver. Pedro Ruas, que gasta trinta milhões - trinta milhões! - com Cargos
de Confiança, enquanto muitos trabalhadores da nossa Porto Alegre recebem menos
do que um salário mínimo. Ainda bem que os municipários, assim como os gregos,
não aceitam as mentiras dos seus Governos. Óleo de peroba para cara de pau!
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Nelcir Tessaro): Em votação
as Atas disponíveis nas Pastas Públicas do correio eletrônico: Atas das 30ª,
31ª, 32ª, 33ª, 34ª, 35ª e 36ª Sessões Ordinárias. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.
Passamos ao
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em
Grande Expediente.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, eu tenho toda a tranquilidade em afirmar que nós não vivemos numa
democracia. Democracia pressupõe Legislativo forte, e o nosso Legislativo deixa
tudo a desejar, o nosso Legislativo é desrespeitado constitucionalmente todos
os dias. Segundo Aldous Huxley, a democracia nos faz capazes de dizer “não” aos
governantes. E quando é que o povo, pela sua síntese democrática que está no
Congresso Nacional, diz “não” ao governante? O nosso Governante maior distribui
dinheiro por aí afora e não tem dinheiro para pagar os aposentados, que
contribuíram para receber, eles não estão pedindo favor. Eles contribuíram com
cálculo atuarial e deveriam receber, mas, a cada ano que passa, diminui o valor
da sua aposentadoria ou da sua pensão.
O nosso eminente Líder, que agora está acertando
com o Irã, governa este País com Medidas Provisórias. (Lê.) “No direito
constitucional brasileiro, medida provisória (MP) é um ato unipessoal do
Presidente da República, com força de lei, sem a participação do Poder
Legislativo, que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em momento
posterior. O pressuposto da MP é urgência e relevância.” Esse é o pressuposto
constitucional, e eu ouço aqueles magníficos Deputados que lá estão, aqueles
grandes Senadores que lá estão repetirem que as Medidas Provisórias enviadas
pelo Presidente da República não são, em absoluto, urgentes e inadiáveis. Não,
não são! Diz ainda a nota (Lê.): “Somente em casos de relevância e urgência é
que o Chefe do Poder Executivo poderá adotar medidas provisórias, devendo
submetê-las, posteriormente, ao Congresso Nacional. As Medidas Provisórias
vigorarão por sessenta dias, prorrogáveis por mais sessenta. Após este prazo,
se o Congresso Nacional não aprová-la, convertendo-a em lei, a medida
provisória perderá sua eficácia.”
E têm sido emitidas Medidas Provisórias as mais
absurdas: para criar órgãos, para exportar materiais, enfim, uma série de
absurdos. E o nosso Dirigente máximo, que viaja bastante, ao longo dos seus
oitenta e oito meses de Governo, já editou trezentas e oitenta e cinco Medidas
Provisórias. Se eu descontar daí os sessenta dias que anualmente o Congresso
tem de férias, eu passo a ter setenta e quatro meses. E, nesses setenta e
quatro meses, cada um deles recebeu mais de 5,2 Medidas Provisórias. Hoje mesmo
a imprensa noticia que há dez Medidas Provisórias trancando a pauta da Câmara
Federal, que ainda tem este mérito: o Congresso Nacional não legisla, ele
apenas analisa Medidas Provisórias. Emenda, discute, briga; hoje estão
acumuladas dez Medidas Provisórias! Com 5,2 Medidas Provisórias por mês, sendo
que eles não votam mais do que uma vez por semana, nós sabemos, então, que o
Congresso Nacional só vota Medidas Provisórias e faz discursos. E legislar é
fiscalizar, mas não fiscaliza coisa nenhuma! O congressista tem que legislar e
fiscalizar: fiscalizar em primeiro lugar; depois, legislar. Mas não fazem
nenhuma coisa nem outra, só Medidas Provisórias, é tudo quanto nós temos neste
País.
Mas é claro que o nosso eminente Chefe tem também
coisas extraordinárias. Vejam, por exemplo, a Ordem de Rio Branco - é uma
grande condecoração que se dá a pessoas: “É destinada a galardoar os que, por
qualquer por motivo ou benemerência, se tenham tornado merecedores do
reconhecimento do Governo brasileiro, servindo para estimular a prática de
ações e feitos dignos de honrosa menção, bem como distinguir serviços
meritórios e virtudes cívicas. Pode ser conferida a pessoas físicas ou
jurídicas, nacionais ou estrangeiras. Além dos graus mencionados acima, é
conferida uma Insígnia da Ordem às corporações militares ou às instituições
civis, a qual será aposta em suas bandeiras ou estandartes, sem atribuição de
graus”. A Ordem do Rio Branco, umas das maiores condecorações que este País
oferece àqueles que se destacam, foi dada à Primeira-Dama. O que ela fez pelo
País? O que fez pelo País, Ver. Comassetto, que me pede um aparte? Talvez V.
Exª consiga me informar.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: Ver. João Antonio Dib, primeiro, quero dizer que é
um prazer debater com o senhor, principalmente sobre esse tema da democracia,
que pressupõe os nossos governantes serem eleitos pelo voto direto e o papel do
Executivo, que é fiscalizar. Mas aqui nesta Casa temos feito um debate sobre a
fiscalização, e a nossa Bancada, da oposição, vem propondo à situação que
venhamos a fiscalizar, com profundidade, os desvios dos recursos da Saúde aqui
do Município, mas não temos encontrado eco. Portanto, quero fazer esse debate
com o senhor. Um grande abraço.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Nobre Ver. Comassetto, sou grato ao aparte de Vossa Excelência. Eu
fiscalizo, sim, tanto que consigo explicar a tal de verba que V. Exª e outros
mais tantos procuram na Saúde. Em primeiro lugar, a minha fiscalização, que é
da execução orçamentária, demonstra, claramente, que até 2009 o Presidente, o
dono do País, o Lula, deixou de mandar para Porto Alegre 335 milhões de reais,
e hoje cinco mil Prefeitos se encaminham para Brasília para pedir que a Emenda
Constitucional nº 29, que é do ano de 2000, seja regulamentada, Emenda que o
Presidente Lula não deixou regulamentar em 2008 porque era ano de eleições; seria
em 2009. Em 2009, não falaram nada; em 2010, também não falaram - esse seria o
dinheiro que viria para a Saúde.
Agora, o problema do Instituto Sollus é só para
quem não quer ler, evidentemente. Fiscalizar é o que faço, e acho que a
primeira missão do legislador é fiscalizar; depois, fazer leis. Então, eu
fiscalizo, tenho os documentos - não há motivo para duvidar deles -, onde
consta que, na verdade, não são 9,6 milhões de reais, mas 5 milhões, 418 mil e
uns quebrados, que estão sendo lançados na dívida ativa, para que a Prefeitura
cobre. Isso acontece.
Mas a síntese democrática de todos os cidadãos
brasileiros, que é o Congresso Nacional, não fala, não regulamenta a Emenda
Constitucional nº 29, só faz o que determina o Presidente da República. O Líder
da Bancada, o nosso amigo Henrique Fontana, Vereador desta Casa, encaminhava
sempre para não ser regulamentada. Regulamentada essa Medida, os Municípios
receberiam muito dinheiro para a Saúde, então, aí, poderíamos falar em Saúde.
Até lá não dá.
O Sr. Aldacir
José Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Querido colega Ver.
João Antonio Dib, sei que V. Exª fala com muita propriedade quando diz que os
Governos não mandam os recursos necessários para as cidades, principalmente
para Porto Alegre, mas eu queria lhe trazer alguns dados que são de extrema
importância. Percebemos que o Governo Lula aumentou os recursos da Saúde para o
Estado, veja só: em 2004, eram 345,8 milhões de reais; em 2005, 348,3 milhões
de reais; em 2006, 349 milhões de reais; em 2007, 378,5 milhões de reais; em
2008, 399,3 milhões de reais; em 2009, 435,6 milhões de reais vieram para Porto
Alegre. Faço questão de lhe passar estes dados e concordo que a Emenda nº 29
tem que ser aprovada urgentemente, com o acordo de todos os Partidos.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Nós estamos de acordo. Mas quero dizer a V. Exª que eu gostaria que a
Prefeitura tivesse recebido esses recursos. Não é verdade, são 307 milhões de
reais em 2002, e, a partir de 2002, só em 2008 é que os 307 milhões de reais
foram superados. Se aplicar a correção monetária, mesmo nesse ano de 2009, que
teve, mais ou menos, o valor de 350 milhões de reais - agora não me ocorre o
valor exato, mas tenho aqui -, ainda faltariam 50 milhões de reais. Eu faço a
fiscalização da execução orçamentária com muito critério, não invento, leio os
números e acredito neles, porque é a contabilidade, o meu professor Ferronato
me ensinou que eu tenho que acreditar na contabilidade.
O Sr. Carlos
Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pelo
aparte, nobre Ver. João Dib, é sempre uma satisfação debater com V. Exª, que
entende de números. Vossa Excelência não passou colando na faculdade, passou
estudando, pelo menos eu acredito nisso. Agora, V. Exª sabe que faltam em Porto
Alegre aplicações de mais de cinquenta milhões, que estão chocando nas contas
por falta de projeto. O senhor disse que o valor desviado não é de 9,6 milhões
de reais, mas de 5,4 milhões de reais. Acha que é pouco significativo surrupiar
da Saúde 5,5 milhões de reais do povo? E aí o senhor disse que o valor foi
inscrito em dívida ativa. Ora, a única sede que esse Instituto Sollus tinha era
minúscula e alugada; ele não tem patrimônio nenhum para garantia dos cofres.
Então, essa questão aponta para a necessidade imprescindível de uma CPI, para
que a gente saiba aonde foi o dinheiro, senão o povo está sendo roubado em 5,5
milhões de reais - é muito dinheiro para o povo, Ver. João Dib!
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Ver. Todeschini, a Lei Orgânica me diz que eu não tenho necessidade de
Comissão Parlamentar de Inquérito - “Paralamentar” de Inquérito - e me dá
condições de ir à Secretaria da Fazenda fazer os levantamentos que eu quiser
fazer. Está escrito na Lei Orgânica.
Na verdade, quando estou dizendo isso aqui é porque
a Prefeitura entrou na Justiça com uma Ação Civil Pública; entrou no Ministério
Público; afastou o Instituto Sollus; o próprio Conselho de Saúde diz que a
Prefeitura deixou de pagar. Eu não estou dizendo que cinco milhões seja uma
quantia insignificante, é verdade que é muito menor que 335 milhões de reais, é
muito menor. Esses, sim, foram tomados por aquele Presidente que dá dinheiro
para os gregos, dá dinheiro para os africanos, dá dinheiro para os colombianos
e paraguaios, mas não dá dinheiro para os aposentados. Aí, ele não tem para dar
e não dá dinheiro para a Saúde em Porto Alegre porque não quer regulamentar a
lei. Então, se ele não faz isso, eu não posso querer aqui dizer que ele é um
anjo.
Ver. Comassetto, eu gostaria de poder dar um aparte
a V. Exª, mas o meu tempo se encerra e depois eu não posso concluir.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Eu só quero lhe dizer que os dados que o Ver. Oliboni apresentou são
da própria Prefeitura. Só para lhe dizer a fonte dos dados.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Eu não sei de onde ele tirou esses dados. Eu acompanho a execução
orçamentária mês a mês, não tenho por que ter dúvidas do que entrou de recurso
na Prefeitura ano a ano, não tenho como errar. Tenho todos os balanços da
Prefeitura, tenho todos os dados, não sei de onde ele tirou esses números.
Agora, há uma parcela de 34 ou 35 milhões de reais que entra mensalmente. Ele
pode ter computado isso como dinheiro da Prefeitura. Mais de cinquenta por
cento, nos últimos dias de Governo, o Prefeito João Verle passou para o Grupo
Hospitalar Conceição. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Estamos recebendo os “Vereadores mirins”,
estudantes do Colégio Israelita. É muito importante que vocês conheçam o
trabalho que aqui fazemos, o trabalho do Legislativo. Sejam bem-vindos a esta
Câmara de Vereadores. Os nossos “Vereadores mirins” querem fazer uma foto com
as Sras Vereadoras e com os Srs. Vereadores.
Vamos suspender a Sessão para a foto.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h41min.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro – às 14h42min): Estão reabertos os trabalhos da
presente Sessão. Agradecemos a visita dos “Vereadores mirins”, são cinco
meninas e quatro meninos. É muito importante vocês conhecerem o nosso trabalho.
Muito obrigado.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo
do Ver. João Bosco Vaz.
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Nelcir Tessaro, Presidente desta Casa; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, eu quero agradecer ao meu querido amigo João
Bosco Vaz a cedência de tempo. Ver. João Bosco, eu poderia hoje gastar estes
meus quinze minutos para falar sobre a indignação dos aposentados em relação ao
INSS neste nosso País, porque o Governo Federal, enquanto lhes nega migalhas,
Ver. Ferronato, consegue dar aos jogadores de futebol - que são super-ricos -,
àqueles que ganharam a Copa do Mundo de 1958, 1962 e 1970, cem mil reais, mais
três mil reais vitalícios de aposentadoria. Então, eu não estou entendendo este
Governo, que dá dinheiro para quem não precisa! A Verª Fernanda sempre vem
falar das injustiças, mas eu não ouvi a Verª Fernanda falar sobre isso; estou
falando na Verª Fernanda porque já ouvi vários de seus discursos falando sobre
injustiças. Então, o Governo dá para quem não precisa e sonega daqueles que
realmente estão precisando, que são os aposentados. Mas, Ver. Bosco, eu não vou
falar agora sobre essa matéria, vou deixar para outro dia, para outro momento.
Quero tratar hoje de um tema que está empolgando
todos nós e que gerou nesta Casa uma Comissão para estudar o assunto, algo que
já vem sendo discutido por todos os Vereadores: trata-se da proibição das
carroças nas regiões mais centrais da Cidade.
A Srª Fernanda
Melchionna: V. Exª permite um aparte?
O SR. LUIZ
BRAZ: Mas é claro que, se eu provoquei a Verª Fernanda, eu tenho que dar um
espaço para que ela possa se manifestar aqui.
A Srª Fernanda
Melchionna: Obrigada pela gentileza de me conceder este aparte, Ver. Luiz Braz. Eu só
queria lembrar que, no dia 03 de maio, em nome do PSOL, eu fiz um
pronunciamento sobre o reajuste dos aposentados e o fim do Fator
Previdenciário, relembrando que o Fernando Henrique instituiu o Fator
Previdenciário e que o Governo Lula o manteve, contrariando inclusive a sua
própria história, porque sempre o condenava. Chegou ao Governo, e ele o
manteve. Nós, do PSOL, através da nossa Deputada Federal Luciana Genro, estamos
em luta pela defesa do reajuste dos aposentados e pelo fim do Fator Previdenciário.
O SR. LUIZ
BRAZ: Quer dizer, então, que V. Exª é favorável aos cem mil para os jogadores
de futebol, aos três mil vitalícios? Bem, V. Exª não falou nada contra; falou
contra o Fernando Henrique Cardoso, mas não falou contra esse presente que foi
dado a pessoas ricas, dado pelo Governo Lula. Disso V. Exª não falou.
A Srª Fernanda
Melchionna: De fato, achamos que é um absurdo uma aposentadoria para jogadores que
já recebem valores vultosos, algo que fará falta nas contas do Governo para
projetos sociais destinados ao povo brasileiro.
O SR. LUIZ
BRAZ: Esta tem sido a lógica do Governo Lula, Vereadora: protege os que mais
têm e tira oportunidades daqueles que não têm. Estão aí os banqueiros. Quem me
diz que os banqueiros, a esta altura dos acontecimentos, não estão muito bem
aquinhoados pelo Governo do Presidente Lula? Ou vão dizer que não estão? Agora,
enquanto eles ganham fortunas, os aposentados do INSS estão morrendo à míngua.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte?
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Comassetto, muito embora a provocação não tenha sido para V. Exª, e
sim para a Verª Fernanda, eu não poderia ser deselegante e negar um aparte ao
Vereador. Por favor, prossiga.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: Obrigado, Ver. Braz. O meu Partido representa aqui
o Partido do Presidente da República, que está construindo essa política de
sustentabilidade, oferecendo, neste momento, um ganho real de 7% aos
aposentados. Não é o que nós queremos, mas é o que nós podemos. Sobre o Fator
Previdenciário, V. Exª lembra muito bem quando ele foi criado, e nós
concordamos, sim, com a política de que precisamos acabar com ele. Obrigado.
O SR. LUIZ
BRAZ: Eu queria que V. Exª falasse aqui sobre os cem mil reais para os
jogadores de futebol, que são ricos, sobre os três mil de aposentadoria por
toda a vida - sobre isso que eu gostaria que falasse. Mas não, V. Exª foge ao
tema! Esse tema não interessa, porque é o enriquecimento cada vez maior dos
banqueiros em detrimento dos mais pobres na nossa Nação. Isso não interessa. Aí
eles não vêm aqui falar sobre isso.
O Sr. Paulinho
Ruben Berta: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu gostaria de
agradecer a V. Exª o aparte. Como sou oriundo da periferia de Porto Alegre e
vejo todo tipo de mazelas na nossa Cidade, principalmente o consumo de crack, não vejo como pode um país deixar
de olhar um tratamento para essas pessoas e destinar dinheiro para quem já tem
praticamente uma fortuna assegurada.
O SR. LUIZ
BRAZ: Eu agradeço o aparte, Ver. Paulinho.
O Sr.
Engenheiro Comassetto: V. Exª permite um aparte?
O SR. LUIZ
BRAZ: Ver. Comassetto, sinto muito, mas já concedi um aparte a Vossa
Excelência. Eu quero só, meus amigos, dar noção à Câmara a respeito da Comissão
que trata sobre as carroças em Porto Alegre.
O Sr. Idenir Cecchim:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, eu
estava escutando o seu pronunciamento lá do meu gabinete e achei-o
interessante. Realmente, sob o meu ponto de vista, estamos vendo o Presidente
Lula fazer uma política externa duvidosa. O que V. Exª diz realmente é verdade.
Embalados pelo sorriso sarcástico do Ver. Comassetto, temos que registrar que
uma das grandes loas que o Presidente Lula teve foi ter pago o FMI, que custava
ao Brasil 2% ao ano. Ele pagou o FMI, que custava 2% ao ano, e ficou devendo
aos banqueiros, aos quais paga 9% ao ano. Então, essa é a política dos
banqueiros que o Dr. Lula faz, e os seus seguidores ainda se exibem.
O SR. LUIZ
BRAZ: Agradeço a Vossa Excelência.
Tivemos, na última semana, uma Reunião da Comissão
que é presidida pelo Ver. Beto Moesch e que trata da regularização das carroças
em Porto Alegre.
O Sr.
Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Obrigado, Ver. Luiz Braz. Sempre apoiei aqui todas as ações no sentido de
resolvermos essa questão do trânsito relacionado às carroças em Porto Alegre,
mas hoje eu estou convencido de que precisamos, concomitantemente, resolver o
problema do recolhimento do lixo de Porto Alegre. Se resolvermos o problema do
recolhimento do lixo, com certeza, vamos resolver também o problema das
carroças. Precisaríamos considerar, por exemplo, o caso de Caxias do Sul. Quem
sabe a solução para Porto Alegre esteja na prática usada para o recolhimento do
lixo lá em Caxias do Sul.
O SR. LUIZ BRAZ:
Está certo.
O Sr. Alceu
Brasinha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, como
tocaram no assunto das carroças... Eu fui um Vereador que votei contra e
votaria contra novamente, porque, se tem um Projeto, deve ter uma estrutura
pronta. E quem nos garante que, daqui a cinco, sete anos, essa estrutura estará
pronta? Eu só votaria a favor hoje se houvesse uma estrutura pronta, dizendo
onde eles fariam, o que fariam, onde estariam. Isso com certeza. Obrigado.
O SR. LUIZ
BRAZ: Obrigado, Ver. Brasinha.
O Sr. Dr.
Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Braz,
agradeço-lhe o aparte. Vou na mesma linha do Ver. Brasinha, porque tive
oportunidade de me debruçar muito sobre essa matéria na época em que foi votada
aqui na Casa. Eu me posicionei contrariamente porque acho que a gente só deve
retirar o trabalho das pessoas se proporcionarmos alguma coisa no mínimo
similar. Tirar as carroças da rua sem incluir socialmente, sem dar um emprego,
sem dar uma outra dinâmica de vida para essas pessoas eu, particularmente, acho
um absurdo. Obrigado.
O SR. LUIZ
BRAZ: Para todos os Vereadores, oposição e situação, eu quero só lembrar uma
coisa muito importante: os carroceiros gostariam de continuar fazendo o seu
trabalho. Aquelas vagas que foram oferecidas na construção civil - porque a
construção civil está cheia de vagas, são mais de mil vagas, inclusive com
possibilidade de fazerem os cursos, Ver. Todeschini - não interessaram aos
carroceiros. Então eu acho que, sem termos um levantamento cadastral para
sabermos o que querem realmente os carroceiros... Aliás, não sabemos nem
quantos são, porque tudo que se trata de números significa “chute”. Ninguém tem
o número exato dos carroceiros na Região. Fala-se em quatro mil, sete mil, dez
mil, mas ninguém tem esse número com exatidão.
Então, é claro que o primeiro trabalho a ser feito
seria o trabalho cadastral. Mas só esse trabalho de cadastro já levaria um
tempo para ser realizado. Depois de fazer esse levantamento cadastral, temos
que ver o seguinte: quais são os carroceiros que atuam hoje na periferia da
Cidade - e são muitos - e que não precisarão deixar de trabalhar com as
carroças, porque vão continuar trabalhando na periferia? Como o lixo da Cidade
pode chegar até onde estão esses carroceiros, para que eles não precisem mais
vir para o Centro da Cidade e possam ter os seus próprios galpões de
reciclagem? A partir disso, vamos saber quantos restam, para que eles possam
trocar a sua profissão. Numa dessas trocas, ofereceu-se a construção civil, mas
tem mais coisa aí. O Governo coloca uns quatro ou cinco cursos à disposição dos
carroceiros, para que eles possam se adaptar e ter uma nova profissão, mas
existe mais uma preocupação. Ver. João Dib, V. Exª que é Líder do Governo neste
plenário, nesse tempo em que os carroceiros farão o curso, que é de no mínimo
200 horas, como eles irão sustentar suas famílias? Até agora não existe nenhum
recurso para cobrir essa defasagem de tempo entre o que ele é hoje e aquilo que
ele poderá vir a ser no futuro. Com toda certeza, precisamos estudar melhor a
saída disso junto com o Executivo.
O Sr. Carlos
Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver.
Braz. Uma preocupação no mesmo sentido da sua manifestação: eu creio que os
Vereadores que apresentaram e, principalmente, votaram na ideia têm que sugerir
agora alternativas para dar conta da situação, porque senão vamos continuar a
aprovar leis, e depois elas não são postas em prática pela inviabilidade.
O SR. LUIZ
BRAZ: É verdade. Ver. Todeschini, eu não sei se V. Exª está lembrado, mas
tínhamos aprovado um Projeto que tinha sido reapresentado quando estava sendo
discutido esse Projeto de retirada imediata dos carroceiros da Região Central -
que é a mais discutida, assim como das ruas com tráfego maior -, mas deixamos
para que eles pudessem ter uma opção, para que pudessem continuar com as suas
funções sem que precisássemos deslocá-los para outra função; nós apenas
liberarmos as regiões centrais e mais movimentadas da Cidade. Na época, eu fui
voto vencido.
O Sr. Carlos
Todeschini: Da mesma forma, Vereador, eu acompanho o seu raciocínio e tenho
concordância com esse conteúdo para a lei, que deveria ter sido dado e
infelizmente não o foi. Agora tem que haver uma solução.
O SR. LUIZ
BRAZ: E a solução é muito difícil de ser dada, porque, imaginem, serão oito
anos para que os carroceiros sejam retirados da Região Central da Cidade. Eu
duvido que, em oito anos, se arrume solução para todos que têm carroças aqui em
nossa Cidade. Duvido! Enquanto isso não acontece, vamos tentar discutir essa
matéria, ajudar o Executivo, porque esta é a nossa missão, Ver. Tessaro:
encontrar uma saída para essa legislação que fizemos aqui nesta Casa. E não
adianta ter votado contra, precisamos, sim, arrumar junto com o Executivo uma
saída, para que essa questão possa ser resolvida da melhor forma possível. O
jeito que está, com toda certeza, não é o ponto ideal.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma
Questão de Ordem.
O SR. PEDRO
RUAS (Questão de Ordem): Há uma informação no espelho, Presidente, que me
confundiu. Nós teríamos, segundo o Expediente, no dia 20, quinta-feira, a
presença do Instituto Sollus, mas eu tinha, na minha agenda, que essa presença
se daria na quarta-feira, dia 19. Eu queria confirmar o que realmente ocorrerá.
Quando virá o Instituto Sollus? Se é que a Prefeitura vai deixar vir. Na quarta
ou na quinta-feira? Eu ainda tenho dúvidas de que a Prefeitura vá permitir que
o Instituto faça esclarecimentos aqui.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Ver. Pedro Ruas, os períodos temáticos sempre
ocorrem às quintas-feiras. Era dia 13, e, por Requerimento, foi transferido
para o dia 20, quinta-feira. O período temático é sempre às quintas-feiras.
O SR. PEDRO
RUAS: Obrigado, Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; colegas Vereadores,
Vereadoras, senhoras e senhores aqui presentes no plenário, público que nos
ouve; hoje, sem dúvida alguma, é um grande dia para a humanidade, é um grande
dia para o Brasil, é uma grande vitória do povo brasileiro e do Presidente
Lula. O acordo conseguido pela insistência do Presidente Lula, juntamente com o
Primeiro-Ministro turco e o Governo do Irã, é uma vitória da humanidade. Verª
Sofia, hoje o sol nasce em todos os continentes com a luz da liberdade e a
construção da paz no mundo. Essa é a grande vitória da humanidade e do
Presidente Lula. E toda a imprensa do planeta destaca, nesta segunda-feira, o
sucesso da visita do Presidente Lula ao Irã, onde ele conseguiu, na conversa,
no diálogo franco e aberto, o que importantes líderes e outras potências
tentaram na base da intimidação e da truculência: um acordo prevendo a troca,
na Turquia, de urânio pouco enriquecido, do Irã, por combustível nuclear
processado. Não há exagero em afirmar que o acordo em torno do programa nuclear
iraniano foi uma vitória da diplomacia brasileira. Acima de tudo, foi uma
inquestionável prova da liderança do Presidente Lula no cenário internacional.
Eu só lamento, Ver. Cecchim, que políticos locais e brasileiros e parte da
imprensa condenem essa atitude do Presidente e trabalhem na lógica de querer
desconstituir essa grande vitória da Nação brasileira.
O Presidente Lula disse, hoje de manhã, no programa
Café com o Presidente: “Há um milhão de razões para a gente ter argumento para
construir a paz e não há nenhuma razão para a gente construir a guerra. O
Brasil acreditou que era possível fazer o acordo. Mas o que é importante é que
nós estabelecemos uma relação de confiança, e não é possível fazer política sem
ter uma relação de confiança. Temos de acreditar nas pessoas, e eu penso que
conseguimos um grande intento. Eu, ontem, eu fiquei muito feliz, porque foi uma
vitória da diplomacia. Quando os diplomatas se reúnem em torno de uma causa
séria e têm o apoio dos seus presidentes, a coisa acontece.” Com o acordo
assinado, o Presidente Lula reduziu a tensão mundial, contribuindo para
pavimentar o caminho da paz no Oriente Médio e no mundo.
Quero citar outra frase que está na imprensa hoje:
“Quem resolve os problemas internacionais com a guerra só enriquece a indústria
bélica”. Nós precisamos enriquecer é a industria da paz, é a geração e
distribuição de rendas, é a geração e distribuição de alimentos, é construir a
saúde para toda a humanidade e a sustentação do planeta. Portanto, venho aqui,
em nome da minha Bancada, do Partido dos Trabalhadores, trazer esse debate e
dizer que a nossa Câmara deve aplaudir, de pé, o nosso Presidente, porque é uma
conquista, antes de mais nada, do Brasil, da diplomacia brasileira, da política
brasileira. E nós, aqui em Porto Alegre, representamos, sim, a política
porto-alegrense, e Porto Alegre faz parte desse contexto mundial. E não foi o
que falou aqui, há poucos dias, o então Líder do Governo Fogaça, o Ver. Valter,
condenando o Presidente Lula por receber Ahmadinejad aqui no Brasil. Ali estava
o início da construção dessa política, Dr. Raul. Em nome da minha Bancada, do
meu Partido, quero dizer: viva o Presidente Lula! Viva a diplomacia brasileira!
Viva a paz da humanidade! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, público que nos assiste, eu vou deixar o tema internacional um
pouco de lado e vou me centrar, neste momento, na Cidade, de uma maneira muito
séria e coerente com a Questão de Ordem que fiz há pouco, Sr. Presidente.
No dia 19 ou 20 de maio, nós temos agendada -
informou-me a Mesa que será no dia 20 - a visita do Instituto Sollus à Câmara
Municipal, para o esclarecimento de questões sérias, seriíssimas; questões,
aliás, que envolvem a responsabilidade do Executivo Municipal. Pois quero dizer
o seguinte, Sr. Presidente, Vereadoras e Vereadores: duvido que o Instituto Sollus venha a esta Casa. Eu duvido que a Prefeitura
permita que o Instituto Sollus venha prestar esclarecimentos a esta Casa,
porque os esclarecimentos do Instituto Sollus são integralmente, cem por cento,
comprometedores para o Executivo Municipal - cem por cento. Então, estou
dizendo com antecedência, independentemente do dia, que eu tinha como sendo 19.
O Presidente esclareceu-me que será no dia 20, mas não será no dia 19 e também
não será no dia 20, Ver. Brasinha. Não será em dia nenhum, não será no dia 19 e
não será no dia 20, porque a Prefeitura tem um limite de até onde as
informações podem chegar. Não houvesse limite, nós teríamos a CPI. Há um
limite, e o limite, necessariamente, é quebrado com a presença do Instituto
Sollus entre nós.
Então, o que me
parece muito claro é que não só não será no dia 19, Presidente - aqui há um
equivoco de agenda, nosso, deste Vereador -, como também não será no dia 20,
porque não é possível que a Prefeitura consiga, ao mesmo tempo, impedir que
ocorra a CPI e que o Instituto Sollus faça esclarecimentos, todos eles,
relacionados diretamente com erros graves do Executivo, particularmente na área
da fiscalização dos contratos da Secretaria da Saúde. Por isso fica aqui este
registro nosso de uma forma definitiva, o peremptório eu não gosto por causa do
passado histórico, Ver. João Bosco Vaz; não gosto do peremptório. Fica aqui, de
forma definitiva, Ver. João Bosco, a nossa convicção de que é tão grande a
contradição entre não permitir que haja CPI e permitir que o Instituto Sollus
venha, nesta semana, à Câmara Municipal, seja no dia 19, seja no dia 20, que me
convenço, de forma definitiva, de que não será no dia 19 - agradeço o
esclarecimento, Presidente - e de que também não será no dia 20 a visita do
Instituto Sollus aqui, porque a Prefeitura não vai permitir. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver.
Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar eu quero dizer ao Ver. Comassetto que a imprensa
destaca a atuação do emérito Presidente desta República, que não é democrática.
No jornal Correio do Povo - está em outros jornais também - há metade de uma página
destacando o feito glorioso do nosso Presidente. Eu gostaria de ver como os
Estados Unidos, Inglaterra e Rússia se posicionaram. De qualquer forma,
cumprimento o Sr. Presidente, que está tentando a paz - e eu sou um homem da
paz, não há problema nenhum!
Agora, quanto ao
Instituto Sollus, vou dizer de novo: só não lê a respeito quem não quer; vou
colocar a matéria mais uma vez à disposição de todos os Vereadores. A
Prefeitura não vai impedir, não vai se interessar se o Instituto Sollus vier
aqui ou não. A Prefeitura fez o levantamento de todos os débitos do Instituto
Sollus, de todos os desvios do Instituto Sollus, deu a ele todas as
oportunidades para que documentasse o que estava faltando, e seus integrantes
não compareceram. A Comissão, nomeada pelo Procurador-Geral do Município com
objetivo de elaborar um estudo para permitir que fossem incorporados na dívida
ativa da Prefeitura os 5 milhões e 418 mil reais, mesmo sem ter obrigação, deu,
outra vez, oportunidade ao Instituto Sollus para que comprovasse, com
documentos, aquela diferença de 5 milhões e 418 mil reais. Não comprovaram.
Portanto, o documento está pronto, vai para a dívida ativa, e a Prefeitura vai
cobrar de um jeito ou de outro.
Agora, a Prefeitura
não tem como impedir alguém do Instituto Sollus de vir aqui. Se a Prefeitura
quis documentos e eles não tinham para dar, quero ver se eles os fornecerão
aqui! Se eles tivessem dado os documentos para a Prefeitura, não teríamos
problema nenhum, mas ficamos dizendo que é preciso CPI. Não, não é preciso CPI,
basta olharmos os documentos que foram oferecidos a esta Casa pelo
Procurador-Geral e pelo Secretário da Prefeitura.
Quero também dizer
que hoje foi destacado, na imprensa, o acordo nuclear entre Brasil, Irã e
Turquia, há uma página inteira em capa do jornal Correio do Povo e de outros
jornais. Hoje pela manhã, com tristeza, eu li, não sei em qual dos quatro
jornais, uma análise da dívida interna do Brasil. O Presidente Lula vai deixar
este País com uma dívida interna de mais de dois trilhões de reais - são
trilhões de reais! Isso, realmente, a imprensa não destacou; isso deveria ser
destacado, para que o País soubesse que nós temos dinheiro no Fundo Monetário
Internacional, para o qual poderíamos ficar devendo pagando juros mais baixos.
Mas nós pagamos juros mais altos dentro do País, e a dívida, até o fim do ano,
ultrapassará dois trilhões de reais.
(Aparte
antirregimental.)
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Muito mais do que a
Grécia, muito mais do que tudo somado por aí afora! Só os Estados Unidos podem
pensar em trilhões de reais, como têm trilhões de dólares, porque eles têm uma
máquina de imprimir dinheiro. Aqui, o que faz o Governo? Imprime títulos da
dívida pública, dá para o BNDES financiar obras do PAC, que as Prefeituras e os
Estados pagam, e a dívida interna cresce cada vez mais, até para outras coisas,
até para pagar os juros, que são bilhões de reais. E este ano começa com
déficit primário; os outros anos começavam com superávit primário!
Portanto, sinto muito
que a imprensa não noticie para o povo brasileiro a barbaridade que é a dívida
interna brasileira. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Havendo
quórum, passamos à
Apregoo a Emenda nº
02 ao PLL nº 206/09 (Lê.): “Institui no Município de Porto Alegre o programa de
estímulo e orientação à seleção e à reciclagem do lixo. Art. 1º - Altera o art.
2º do PLL nº 206/09, transformando o parágrafo único em § 1º e acrescenta § 2º,
conforme segue: ‘Art. 2º [...] Parágrafo 1º - As sacolas plásticas referidas no
caput deste artigo conterão na face
oposta à da logomarca da empresa, e em não havendo logomarca, em qualquer uma
das faces, orientações ao consumidor. § 2º - As orientações na cor verde
identificam as sacolas que se destinam ao lixo seco e, na cor laranja, as que
se destinam ao lixo orgânico, conforme Anexos 1 e 2 desta Lei.”
Apregoo PR nº 013/010, de autoria do Ver. Dr. Thiago Duarte (Lê.): “Altera o parágrafo 1º do art. 101 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992 - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre -, e alterações posteriores, alterando o termo inicial da tramitação legislativa e dá outras providências”.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 3619/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 161/09, de autoria do
Ver. Haroldo de Souza, que altera os arts. 2º e 3º da Lei nº 7.955, de 8 de
janeiro de 1997 – que dispõe sobre o fornecimento, por parte dos motoristas de
táxi do Município, de recibo de prestação de serviço ao usuário de táxi –,
dispondo sobre a padronização, a confecção e a distribuição de talonários
desses recibos. Com Emenda nº 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Luciano
Marcantônio: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CEFOR. Relator Ver. Valter
Nagelstein: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Engenheiro
Comassetto: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM em 12-05-10.
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PLL nº 161/09. (Pausa.) Não há quem
queira discutir. Em votação a Emenda nº 01 ao PLL nº 161/09. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação o
PLL nº 161/09. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
(encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
REQ. Nº 037/10 – (Proc. nº 1858/10 – Ver. Reginaldo
Pujol) – requer seja constituída a Frente Parlamentar
em apoio à renovação das concessões do setor público de energia elétrica.
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em votação o Requerimento nº 037/10, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 2575/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 108/09, de autoria do
Ver. Aldacir José Oliboni, que institui o Programa Municipal de Enfrentamento
ao “Crack” e a Outras Drogas, cria o Comitê Municipal de Enfrentamento ao
“Crack” e a Outras Drogas, declara o ano de 2010 como o Ano de Enfrentamento ao
“Crack” e a Outras Drogas e dá outras providências. Com Emenda nº 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Mauro
Zacher: pela existência de óbice de natureza jurídica para a tramitação
do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CEFOR. Relator Ver. João
Carlos Nedel: pela rejeição do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Engenheiro
Comassetto: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CECE. Relator Ver. Tarciso
Flecha Negra: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- incluído na Ordem do Dia
por força do art. 81 da LOM em 12-05-10.
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PLL nº 108/09. (Pausa.) O Ver. Aldacir José Oliboni está
com a palavra para discutir o PLL nº 108/09.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Nobre Ver. Nelcir Tessaro, Presidente da nossa Casa; colegas Vereadoras,
colegas Vereadores, público que nos acompanha neste momento pelo Canal 16,
esteve nesta Casa, há poucos dias, apenas para registro, uma Frente Parlamentar
de Vereadores do Recife, eles vieram conhecer os trabalhos desenvolvidos em
Porto Alegre a respeito do combate à drogadição, mais especificamente ao crack. Existe essa grande preocupação em
nível nacional, poderíamos dizer em todos os Estados brasileiros e por que não
em Porto Alegre?
Percebemos que isso tudo, Ver. João Antonio Dib,
não pode ficar só no discurso, é preciso haver ações concretas, possibilitar
uma certa discussão com o Executivo e com a sociedade civil, necessitamos de
uma política real, concreta, de combate ao crack
em Porto Alegre. Sabemos que algumas capitais, a exemplo de Belo Horizonte,
oferecem, Ver. Alceu Brasinha, mais de quinhentos leitos para o combate à
drogadição, enquanto outras capitais, como, por exemplo, Porto Alegre, ainda
não estão preparadas para ampliar esses leitos para além da desintoxicação.
Temos em Porto Alegre, na Vila Cruzeiro, um CAP que possibilita 16 leitos. Mas
isso é o suficiente? É preciso entrar na Justiça para conseguir baixar um jovem
drogado? Não, mas, na verdade, é o que está sendo utilizado pela sociedade
civil. É preciso haver uma política adequada do Poder Executivo, para que
implemente através de convênios clínicas terapêuticas, é necessária a ampliação
dos CAPs pelo Poder Público, possibilitando ao cidadão uma nova alternativa de
combate ao crack em Porto Alegre.
Ficar só no discurso é uma coisa; implementar
políticas de combate ao crack é o
que, no mínimo, nós podemos fazer, possibilitando, por exemplo, que o Comitê
proposto neste Projeto de Lei seja criado em Porto Alegre. E aí, então, que se
ampliem os recursos, ampliem-se os espaços e, principalmente, ampliem-se os
leitos hospitalares para o combate à drogadição, além da desintoxicação, como
falei anteriormente. Este Projeto de Lei vem nesta direção: possibilitar
concretamente uma alternativa adequada àquela família que, hoje, muitas vezes
na dificuldade de conseguir um atendimento, está acorrentando o seu filho. Está
acorrentando seu filho! Muitos desses casos aconteceram em Porto Alegre porque
a família não conseguiu um tratamento adequado. Nem mesmo para uma
desintoxicação! Imaginem os senhores para um tratamento adequado que exige, no
mínimo, seis meses de tratamento!
Porto Alegre tem muitas fazendas terapêuticas, mas
somente três são conveniadas. Na Cidade existem muitas ONGs preparadas para
receber a solidariedade do Poder Executivo. Com convênios, enquanto não se
estrutura o Poder Público, elas podem criar mecanismos de ampliação dessas
vagas. Esse é, com certeza, um Projeto, eu diria, pequeno - na sua ideia há uma
ideia elementar de possibilitar isso -, mas é importante que o Governo, por
suas Secretarias e com a sociedade civil, organize uma política de combate ao crack.
O Sr. Idenir
Cecchim: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Aldacir
Oliboni, eu acho que é meritório o Projeto, é importante, mas quero dar uma
sugestão a Vossa Excelência: que se vá até o Ministério da Saúde e que se peça
que o Hospital Conceição, a sua Rede, como um todo, e o Hospital de Clínicas,
que são do Governo Federal, comecem a dar o exemplo; que esses dois grandes
hospitais, que prestam grandes serviços à Cidade, comecem a disponibilizar
leitos para que se faça a recuperação principalmente desses casos graves que
nós estamos acompanhando.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Obrigado, Ver. Cecchim. O Hospital Conceição e o Hospital de Clínicas já
o fazem, já possuem mais de vinte leitos, como muitas outras entidades
conveniadas. Precisamos que o Poder Público assuma a sua parte. Queremos aqui
criar um Comitê para que isso passe a ser discutido, para que se implementem
políticas de combate ao crack em
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para
discutir o PLL n° 108/09. (Pausa.) Desiste. O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLL n° 108/09.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Srs. Vereadores, meus senhores e
minhas senhoras, eu acho que o combate ao crack
é realmente importante. Acho que a sociedade porto-alegrense, o Brasil como um
todo, está fazendo o que deve fazer para evitar o consumo do crack.
As autoridades estão muito ativas combatendo o consumo do crack. Agora, o nobre Ver. Aldacir José
Oliboni tenta colocar no Executivo um programa municipal de enfrentamento ao crack. Quando cheguei à Câmara
Municipal, eu pertencia à Comissão de Justiça. A Comissão de Justiça dava dois
pareceres: pela tramitação ou pelo arquivamento. Agora é muito mais sofisticado
o Parecer da Comissão de Justiça, ela diz que existem óbices de natureza
jurídica. Duas vezes a Comissão de Justiça disse isso. Pensava o Ver. Aldacir
José Oliboni que uma simples troca de palavras já resolveria o seu problema. A
Comissão de Finanças se manifestou contrariamente ao Projeto, portanto,
parece-me, o Projeto deve mesmo ser rejeitado. Ninguém pode impor ao Prefeito.
Nós temos uma Procuradoria muito eficiente, eu não
canso de elogiar o Dr. Claudio Roberto Velasquez, que diz (Lê.): “A matéria
objeto da proposição, conforme se infere do exposto, insere-se no âmbito de
competência do Município, inexistindo óbice legal à tramitação, sob tal
enfoque”. E o Município o que é? É o Legislativo, é o Executivo. Continuo
(Lê.): “Contudo, é de ressalvar que, por força do disposto no art. 94” - que
são as competências do Prefeito, competência privativa do Prefeito -, “inciso
IV, da Lei Orgânica, compete privativamente ao Chefe do Poder Executivo dispor
sobre a estrutura, a organização e o funcionamento da Administração Municipal,
preceito que, salvo melhor juízo, resta afetado pelos conteúdos normativos dos
artigos 4º, 5º, 6º e 7º da proposição.”
Se a Procuradoria da Casa está dizendo isso, se a
Comissão da Justiça, por duas vezes, disse que existem óbices jurídicos, não há
o que continuar estudando. Até porque, quando precisamos resolver problemas,
precisamos de ações mais efetivas. E a Polícia está fazendo isso, a sociedade
está fazendo isso, a imprensa está fazendo isso. Nós vamos criar mais um órgão
dentro do Município para pagar jetton,
criar secretarias. Nós vamos fazer gastos desnecessários e não vamos chegar à
conclusão melhor do que a imprensa porto-alegrense, a imprensa gaúcha, a
imprensa brasileira, todos lutando contra crack.
Ora, não há de ser um Conselho, criado aqui por uma
lei que é inconstitucional, há óbice jurídico, que vai resolver o problema.
Portanto, sugiro que o Projeto, por mais meritória que seja a sua intenção,
seja rejeitado. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
discutir o PLL nº 108/09.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, colegas Vereadores, Vereadoras,
população, eu me preparei para discutir os méritos do Projeto e a importância
de se pensar a epidemia do crack dentro
de uma lógica preventiva também. Mas, Ver. Oliboni, eu vou lhe pedir licença,
porque muito me surpreendeu a fala do Ver. João Antonio Dib. Quero saber se a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre vai votar contra um Projeto que institui
um programa municipal de enfrentamento ao crack.
Porque, se a Prefeitura Municipal de Porto Alegre for votar contra, com a sua
base aliada, escondendo-se na legalidade quando tem argumentos políticos, nós
vamos nos assustar. E digo isso, Ver. Nilo, porque, na época do Pontal do
Estaleiro, por exemplo, o Projeto tinha vício de origem, e o vício de origem do
Projeto foi aceito pela Prefeitura, resolvendo o problema legal, porque havia
vontade política para a entrega de um pedaço da orla para a especulação
imobiliária. Ainda bem que a mobilização conquistou uma Consulta Popular e
derrotou o Projeto. Agora, esconder-se na legalidade... Eu não entendi muito
bem, acho que nós vamos ter que rediscutir; Ver. Dib, com todo o respeito que
eu tenho por V. Exª, eu gostaria de rediscutir a posição do Governo nesta Casa.
Gente, existe uma epidemia do crack! Dizem que, a cada dez meninos de rua, seis já tiveram
contato com a droga neste tempo de, infelizmente, não ter lar. Nós sabemos de
dezenas, de centenas de casos de mães que acorrentaram filhos viciados em crack; nós vimos uma mãe que inclusive
tirou a vida do filho pelo desespero e pela loucura que uma droga como essa
causa dentro da família. O Programa é um passo importante a ser instituído,
deve haver o comprometimento da Prefeitura Municipal para ampliar a democracia.
Que se construa um Comitê com condições de articular ações, para ajudar aqueles
que já enfrentam o vício, para que haja intervenção nos lugares onde se sabe
que há bocas de venda, para que haja uma política de aumento de leitos para os
casos de vício. Deve haver uma política preventiva combinada com uma ação de
Estado, para incluir socialmente milhares de jovens da nossa Capital e, tomará,
do nosso Estado; uma política que permita a inclusão através da cultura, do trabalho,
dos esportes; uma política que possa estar combinada com a necessidade
histórica de se combater as desigualdades sociais da nossa Cidade,
desigualdades que se revertem, que se reproduzem na juventude. Que o setor
gigante da juventude vença o narcotráfico - essa grande empresa capitalista,
assassina dos melhores talentos da nossa juventude, que usa como mão de obra
barata para o tráfico, a exemplo dos “aviãozinhos”, jovens de 14 anos, 15 anos,
que perdem a vida para defender esse nojo que são as gangues vinculadas ao
narcotráfico. O programa é um passo, esta Casa tem o dever de aprová-lo.
O Sr. João
Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Verª Fernanda
Melchionna, eu respeito profundamente a colocação de V. Exª, mas aí eu me
pergunto se vamos, a cada problema que surgir, criar um conselho. Por que não
instrumentalizamos o Conselho Tutelar? Por que não damos mais condições à
Secretária da Juventude, à Secretaria do Esporte? Assim resolveríamos os
problemas, e não criando mais conselhos e, de forma irregular, contrariando
juridicamente a Lei Orgânica.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Ver. João Antonio Dib, quero concordar com a
necessidade de se ampliar e de se capacitar o Conselho Tutelar, os órgãos que
lidam com a infância e com adolescência. Concordo com a política de que haja a
escola aberta no final de semana. Mas, neste caso, em que estamos lidando com
uma epidemia, todas as iniciativas que possam transversalizar esse debate,
fazendo com que vários agentes - porque, às vezes, o problema da segurança vem
isolado, também o da moradia e o da saúde vêm de forma isolada - estejam num
grande Comitê, o que permitirá unificar iniciativas e capacitar aqueles que
estão na ponta de vários aspectos das políticas públicas.
O SR. PRESIDENTE
(Nelcir Tessaro): Verª Fernanda Melchionna, o seu tempo está
esgotado. O Ver. Pedro Ruas inscreve-se e cede o seu tempo a Vossa Excelência.
A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
discutir o PLL nº 108/09, por cedência de tempo do Ver. Pedro Ruas.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Ver. Pedro Ruas, agradeço a V. Exª a cedência do
tempo, porque, de fato, este é um assunto sobre o qual temos muito a falar,
ainda mais nós, que viemos da juventude, acompanhamos a reprodução das
desigualdades sociais justamente nesse setor que é um dos mais precarizados do
nosso País e também da nossa Capital.
Eu queria concluir o pensamento dizendo da
importância de capacitar, sim, o Conselho Tutelar. Nós, que somos da Comissão
de Educação - fomos no ano passado, juntamente com o Ver. DJ Cassiá e a Verª
Sofia -, sabemos da luta histórica de diversas unidades, para que haja
estruturação do Conselho Tutelar. Por exemplo, lá na 9ª Região, faltam
computadores, instrumentos para eles atuarem junto aos nossos jovens; falta,
inclusive, arquivo, gente, para que possam guardar lá o nome do adolescente, o
nome da criança, os problemas da família. Temos muitos conselheiros tutelares
que fazem montanhas pelos nossos jovens, mas infelizmente o Poder Público, às
vezes, nega um espaço para eles poderem trabalhar.
Então, é lógico, tem que capacitar o Conselho
Tutelar, tem que haver capacitação em todas as áreas da Secretaria Municipal da
Juventude, que tem muito trabalho sério. No ano passado a Secretaria só pôde
gastar, por conta da orientação de economia da Prefeitura, que economiza com a
vida das pessoas, treze mil reais! Que programa continuado se pode fazer com
treze mil reais para milhares de jovens da nossa Capital? Nós aprovamos, eu e o
Ver. Pedro Ruas, uma Emenda de cinquenta mil reais, Ver. João Antonio Dib. Nós
propomos um programa para vincular educação com formação, qualificação, dando
uma primeira oportunidade profissional, a partir de uma bolsa da Prefeitura,
para os jovens das regiões da nossa Cidade, permitindo fazer três ações numa
vez só: qualificar, dar oportunidade e dar retorno para a comunidade daquele
curso. Queremos que esse Projeto saia do papel, mas a verdade, nesse debate tem
que ser feito, é que a Prefeitura não investe, não investe os recursos nem na
Secretaria Municipal da Juventude, que deveria ter o seu orçamento ampliado
para um trabalho tão sério, nem nos Conselhos Tutelares, nem no Fórum de
Segurança, que não manda representante!
Hoje eu estava lendo: 92% do povo - diz a pesquisa
- acha que os problemas de segurança aumentaram. Eu me lembrei, Ver. Pedro
Ruas, do Darcy Ribeiro, que dizia que falta segurança quando falta educação,
quando falta saúde e quando falta moradia, porque não adianta - como diria o
Alex Cael, que é da Brigada, um lutador - tratar o problema da segurança só com
viés repressivo. Isso fizeram todos os Governos, isso fazem sempre, e a
segurança e a violência seguem aumentando entre jovens, entre vários setores da
nossa sociedade. Temos que pensar o problema da segurança dentro da lógica
transversal de políticas públicas, educacionais, culturais ou lazer, assim como
temos que pensar o problema do crack.
O Sr. Mauro
Zacher: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Muito obrigado,
Verª Fernanda. Eu estava escutando atentamente o seu discurso, muito
aprofundado e oportuno. Acho que esta Casa fez vários sinais, acho que V. Exª
pode muito bem representar esse movimento em favor das políticas públicas para
a nossa juventude, sejam elas no combate à violência ou em mais oportunidades e
mais orçamento, para que as Secretarias realmente invistam em programas para a
nossa juventude. Eu quero saudá-la pelo seu pronunciamento e dizer que V. Exª
tem tudo para nos representar nesse sentido. Que possamos avançar, mas sempre
cobrando muito do Executivo e das Secretarias, para que possamos oferecer um
cenário muito melhor para a nossa juventude.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Obrigada, Ver. Mauro Zacher. Agora me recordo: a
aprovação deste Programa Municipal será algo parecido com o que fizemos com o
seu excelente Projeto do Bullying -
Programa Municipal antibullying. A
gente vê como a violência entre os jovens segue aumentando, inclusive com
aquela tragédia envolvendo o jovem Matheus. O seu Programa nos dá margem para
cobrar uma política pública de combate ao bullying
nas escolas, e essa mesma margem nós queremos, enquanto PSOL - eu e o Ver.
Pedro Ruas -, com o Projeto do Ver. Aldacir Oliboni. Portanto, não aceitaremos
se esta Casa não avançar e instituir um programa municipal antidrogas que nos permita
avançar numa política pública coordenada e transversal, permitindo cobrar da
Prefeitura Municipal ações nesse sentido. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Apregoamos a Emenda nº 02 ao PLL nº 108/09 (Lê.):
“Inclua-se no artigo 5º do PLL nº 108/09, no inciso I: o) Frente Parlamentar
Antidrogas da Câmara Municipal de Porto Alegre; p) Frente Parlamentar em Defesa
do Planejamento Familiar. Justificativa da Tribuna”. Assinam o Ver. Dr. Thiago,
do PDT, e o Ver. Dr. Raul, do PMDB.
A Verª Sofia Cavedon está com a palavra para
discutir o PLL nº 108/09.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, quero dizer que o Ver. Oliboni faz uma proposta numa linha de
mobilização em que a sociedade assume essa temática do crack, que não é uma temática simples. Ela é extremamente difícil
de enfrentar. Eu conversava com o Presidente da Associação do Ministério
Público, e ele falou que a Associação do Ministério Público começou com o
trabalho de enfrentamento do crack.
Ele me disse: “Sofia, não dá para afirmar que hoje existe um tratamento
efetivo, de resultado. São anos de luta para tirar uma pessoa do crack.” Portanto, toda a mobilização
social, Ver. DJ Cassiá, antecipando-se à droga, ao vício, à vulnerabilidade dos
nossos jovens, é necessária. E a proposta é para que a Cidade - para além da
Secretaria de Saúde e da Assistência, fragmentadas nas suas ações, para além,
infelizmente, do próprio Conselho - organize um Comitê e uma Frente de trabalho
articulados para o enfrentamento dessa questão, para verificar o que existe de
exposição, o que é preciso azeitar, ampliar. Isso me parece muito pertinente.
E aí o Ver. Dib diz: “Bom, mas se o Governo Federal
colocasse o recurso...” - não sei se foi o Ver. Dib. Eu quero trazer alguns
dados do Denasus, que já foram alardeados na imprensa em notas pequenas, mas
que são dramáticos - não do Governo Federal, que tem muito recurso. Agora, o
último programa, que vai envolver cinco Estados, prevê mais de dez milhões de
reais só em pesquisa nessa questão do crack,
para ver como azeitar, como redirecionar as ações - só em pesquisa, envolvendo
cinco Estados. No levantamento que o Denasus fez, e não foi algo somente
direcionado ao Estado do Rio Grande do Sul, descobriu-se que o Rio Grande do
Sul é um escândalo em termos de aplicação de recursos em Saúde. Está aqui uma
tabela que nos mostra que, de fato, em 2006 e 2007, o Estado do Rio Grande do
Sul aplicou só 3,42% e 3,12% do seu Orçamento próprio, quando a exigência
constitucional é de, no mínimo, 12%. O Governo afirma, no seu Orçamento, que
gastaria 7%, mas no relatório do Denasus só se encontra 3%, o que significa
que, em 2006, a Governadora Yeda deixou de aplicar quase 1 bilhão e 949 mil
reais em Saúde; em 2007, 1 bilhão e 46 mil reais - é muito dinheiro que o
Governo do Estado não aplica na Saúde.
E mais do que isso: aplicou no mercado financeiro.
Isso foi detectado pelo Denasus. Aplicou no mercado financeiro recursos da
Saúde! Mais: para mascarar esse valor, que é abaixo do constitucional, aplicou
despesas alheias à Saúde. Olhando-se a tabela (Mostra tabela.), vê-se que o Rio
Grande do Sul aplicou o dinheiro de aposentadoria, Ver. Dib. No Rio Grande do
Sul, despesa com saneamento básico está colocada na rubrica da Saúde. Pagamento
de auxílios, subvenções, contribuições a entidades filantrópicas - são despesas
alheias à Saúde, assistências que não atendem ao princípio da universalidade;
convênios específicos, de classe - estão no gasto em Saúde; despesas com
inativos, como eu já falei. Portanto, é grave, é muito grave o que o Estado do
Rio Grande do Sul faz com a saúde do povo gaúcho.
A iniciativa do Ver. Oliboni é muito bem-vinda. Há
recursos federais não aplicados neste tema, e este tema é muito grave para não
sermos sérios. Parte da nossa responsabilidade, como disse o Ver. Mauro, é
cobrar, sim, no sentido de que os Executivos sejam competentes nas suas gestões
e que apliquem, de fato, no mínimo, o constitucional na Saúde, o que sabemos
que ainda é pouco para o tamanho da demanda e do problema que o povo brasileiro
vive. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para
discutir o PLL nº 108/09.
O SR. DR.
THIAGO DUARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, o
enriquecimento que tivemos e que estamos tendo, vislumbrando, participando,
entendendo as diversas experiências existentes na cidade e fora da cidade, na
prevenção, no tratamento e na ressocialização dos indivíduos drogados, tem sido
muito importante. Mesmo com tão pouco tempo passado nesta Cidade, os três
Vereadores de Recife que aqui estiveram, a convite tanto da Frente Parlamentar
Antidrogas, quanto da COSMAM desta Casa, trouxeram algumas vivências que, para nós,
foram muito importantes.
Eu quero corrigir um pouco o Ver. Oliboni e dizer
que, quanto ao tratamento na questão da drogadição, Ver. Oliboni, cada vez
mais, em Psiquiatria, tem-se dito que não é só um tratamento de um ano, ou de
alguns meses: a drogadição passa a ser uma situação que merece tratamento ao
longo de toda a vida. Como nós já sabemos em relação ao álcool - toda a mídia e
a opinião publica já sabem há muito tempo do álcool, sabem que basta o primeiro
gole -, na questão da drogadição basta fumar o primeiro cigarro de crack para retornar tudo. E, muitas
vezes, a gente observa o efeito flashback:
o indivíduo até vivencia situações que viveu quando do uso agudo, do uso
crônico dessa substância.
Nós, que temos caminhado pela Cidade, que temos
feito palestras, neste sábado estávamos na Escola General Neto, lá no canto da
Cidade, na antiga escola de lata, que, graças ao empenho do Secretário Breda,
do Ver. DJ Cassiá também à frente da CECE, se tornou uma escola, hoje,
maravilhosa para aquela comunidade. Estávamos lá conversando sobre a questão da
drogadição, e os professores daquela região quase interiorana da Cidade, com
hábitos do Interior, colocavam a chegada da droga na comunidade, à frente da
comunidade, os traficantes se posicionando, falavam da necessidade de uma
mudança de postura e de construção de uma rede nesse sentido. Então, por tudo
isso, o Projeto do Ver. Oliboni é meritório. Quanto mais pudermos discutir a
questão da drogadição sem matizes políticas, sem interesses pessoais,
despojados de quaisquer laços, melhor será para a sociedade. Todos nós sairemos
ganhando.
Trouxeram aqui aqueles Vereadores de Recife uma
interessante sugestão que viram em Minas Gerais e que colocamos em forma de
Projeto também, adendando ao Projeto do Ver. Oliboni, que logo vai vir à
discussão nesta Casa, que é a criação de um Centro Integrado contra a
Drogadição. O Centro vai ter o condão de fazer a primeira avaliação e
direcionar também as ações desses comitês da Frente Parlamentar Antidrogas,
podendo discutir o tema e o assunto de forma mais ampla. E lá se criou a
Secretaria Especial contra as Drogas. Lá é o PSDB, lá se criou isso, e essa
Secretaria tem uma interface com diversas outras Secretarias, principalmente
com a Secretaria dos Esportes e com a Secretaria da Cultura, Ver. DJ Cassiá.
Então, por aí, nessa experiência exitosa, a gente começa a
vislumbrar a situação sem preconceito, sem matiz política, sem interesses e
percepções regionais preconceituosas, porque realmente eles parecem estar à
nossa frente. Vamos copiar esse modelo, porque lá está dando certo.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr.
Raul está com a palavra para discutir o PLL nº 108/09.
O SR. DR. RAUL: Sr. Presidente, Ver.
Nelcir Tessaro; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
todos que nos assistem, a gente, que trabalha há muitos anos na Saúde Pública e
há mais de duas décadas no combate à drogadição, tem que se sensibilizar com
Projetos que não só tragam essa questão à baila, mas que procurem qualificar o
Município, no sentido de poder avançar, tratar, diagnosticar as pessoas que
padecem desse mal insidioso, duro, que é o vício do crack.
Nós somos do tempo em
que o Algafan e o Doloxene A prosperavam: as pessoas injetavam essas
substâncias nos membros e perdiam mãos, pernas, uma situação duríssima. E,
depois, veio a cocaína, enfim. Acompanhamos esses pacientes e vimos que a
drogadição, associada à questão do HIV - que vem prosperando ao longo dos anos,
desde aquela época em que o HIV era de grupos de risco -, fez com que a Doença
da Imunodeficiência Adquirida passasse a ser uma doença muito mais presente e
espalhada na sociedade.
Não poderíamos deixar
de dizer que o Projeto é meritório, porque ele cria realmente um Comitê
importante para a sociedade. E nós, que capitaneamos Frentes Parlamentares aqui
na Casa - o Ver. Dr. Thiago capiteneia a Frente de Combate às Drogas, assim
como eu, a Frente Municipal em Defesa do Planejamento Familiar -, sabemos que o
planejamento familiar também tem tudo a ver com a situação da drogadição, com a
falta de referência que as pessoas têm nas nossas ruas. Nas nossas vilas,
muitas vezes, há um excesso de filhos que não são queridos, que são
simplesmente colocados no mundo. E eu, que trabalho há muitos anos no meio da
população mais pobre, trabalho ainda ali no Campo da Tuca, vejo isso
diariamente, hoje é uma das áreas mais conflagradas da nossa Capital. Desse
modo, temos que dar a nossa contribuição. Acredito que planejamento familiar é
o fundamento disso tudo, porque a droga está sempre presente em situações em
que se perdem a referência social, a referência familiar, em que, enfim, não
houve, muitas vezes, uma gestação planejada, são crianças que deixaram a
escola. Temos a Verª Maria Celeste, que também aqui na Casa capitaneia a Frente
de Auxílio à Infância e à Juventude, assim como eu vejo a Verª Sofia com essa
proposta importante da Frente que combate doenças sexualmente transmissíveis,
como o HIV e a Aids. Então, essas coisas todas são integradas, e nós temos que
propor não só ações legislativas, mas ações legislativas que se firmem também
no Executivo, e o Executivo tem feito a sua parte.
Quero aqui desejar ao Ver. João Bosco Vaz sucesso
na festa que acontece hoje, comemorando os vinte anos do “Encontro do Esporte”,
e dizer que ele, através de políticas públicas de combate à droga, por meio do
esporte, quando esteve na Secretaria Municipal de Esportes, teve excelentes
indicativos nesse sentido, fazendo com que as crianças procurassem o esporte e
não a droga. Essa foi uma iniciativa muito importante.
Também deixo registrado que o Estado do Rio Grande
do Sul tem se empenhado e muito na criação de novos leitos. Também, agora, no
cadastramento, na aceitação das fazendas terapêuticas, são mais de setecentos
leitos criados pelo Estado para a questão do crack. Sabemos que existem mil vagas nas fazendas terapêuticas e
que elas não estão sendo, muitas vezes, ocupadas, porque as fazendas não estão
conseguindo se registrar adequadamente. É importante que essa parte
administrativa seja reforçada, para que tenhamos esse suporte aos viciados em crack, assim como projetos contra a
violência, que são tão importantes. Muito obrigado e saúde para todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Paulinho Ruben Berta está com a palavra para discutir o PLL nº 108/09.
O SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, todos que nos assistem ou nos escutam, hoje, este Projeto do Ver.
Oliboni nos dá a possibilidade de discutir a questão das drogas e seus efeitos.
Eu convivo há mais de vinte anos com isso; vi nascer, praticamente nasci e me
criei na Vila Santa Rosa, na periferia de Porto Alegre, para onde vi ser
transferida a Vila Areia, onde se formou a Vila Ramos, e vi a Zona Norte Eixo
Baltazar se povoando cada vez mais e, cada vez mais, o traficante tendo campo
de ação.
Hoje todos buscam uma
solução para isso. E uma saída está na estruturação familiar, num pai que possa
sair de casa tranquilo para trabalhar, para buscar o sustento da sua família,
deixando em casa condições no sentido de que os nossos adolescentes tenham o
que fazer e o que praticar. Antes, esse maldito vício era da periferia de Porto
Alegre. Hoje já não é mais, Vereador; hoje, é da sociedade, da elite, dos
abastados. Hoje já é difícil identificar famílias que não tenham um doente -
para mim, essa pessoa passa a ser um doente. Eu fico me perguntando: será que
algum dia conseguiremos atacar isso de frente? Será que algum dia teremos as
armas necessárias e objetivas para tratamento e recuperação desses adolescentes
e de muitos chefes de família? Hoje é difícil ligar a televisão, principalmente
pela manhã, ou abrir um jornal e não ficar sabendo de um crime hediondo: o
marido que mata a mulher com oito facadas, a mãe que acorrentou o filho ao pé da
mesa ou da cama, ou o pai que, em desespero, muitas vezes também se torna
viciado. Quer dizer, é a desagregação da família.
Um pai precisa ter
uma cabeça muito boa, precisa ter muita consciência para conduzir uma família
hoje, porque existe um exército de traficantes para aliciar, induzir e prometer
uma vida longa. Agora, se as pessoas perceberem, a maioria dos traficantes não
são viciados; o vício deles está no dinheiro, está no que podem ganhar. E a
Polícia da nossa Cidade, do nosso Estado e, até acredito, do Brasil tem feito
um excelente trabalho. É difícil o dia em que se abre o jornal e não se vê que
pegaram trinta quilos, sessenta quilos, cem quilos, quinhentos quilos de
drogas! A Polícia está fazendo o seu trabalho, embora as condições de trabalho
não sejam as melhores, como o aparelhamento, os instrumentos. Mas eu fico me
perguntando quando é que nós vamos conseguir, Vereador. Eu acho que toda vez
que pudermos discutir o assunto vai ser bom para a sociedade, vai ser bom para
todos.
Temos que tratar os que já estão viciados, os que
estão contaminados. Mas será que também não temos que investir um pouquinho,
Ver. Oliboni, na prevenção? Não é a Polícia que vai prevenir! A Polícia age,
mas quem tem que prevenir é o pai, é a mãe, mas, principalmente, com condições
do Poder Público, seja estadual, municipal, federal. É uma guerra que precisa
ser ganha pela sociedade! Aqueles que ganham dez mil, quinze mil, vinte mil
reais, que conseguem manter a família à margem disso pelas condições
financeiras, não estão se dando conta de que isso também vai chegar até eles,
de que isso também vai afetá-los! Porque, muitas vezes, para aquele que não tem
dificuldade em comprar um carro, uma moto ou um jet ski, daqui a pouco, a vida perdeu a graça, porque tudo é fácil
demais para ele. E aí o tóxico começa a ser vantajoso para ele, ele começa a
ver uma luz no fundo do túnel.
Eu quero, sinceramente, lhe dar os parabéns,
Vereador. Sempre que pudermos subir à tribuna, ou em qualquer local, seja na
parada do ônibus, no supermercado, na fila da padaria, e discutir uma maneira,
buscando uma solução que ninguém tem, por falta de investimento no nosso País,
no nosso Município... (Som cortado automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Maria Celeste está com a palavra para
discutir o PLL nº 108/09.
A SRA. MARIA
CELESTE: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, este Projeto tão importante que o Ver. Aldacir Oliboni traz para
nossa discussão e, com certeza, para aprovação traz à tona a discussão do uso
da droga na cidade de Porto Alegre, especialmente - Verª Fernanda, que é a
Presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura -, o uso do crack. O crack se tornou, nos últimos três ou quatro anos, uma chaga no
Estado do Rio Grande do Sul. O ano de 2009 nos traz dados terríveis sobre o crack: há 56 mil pessoas no Estado do
Rio Grande do Sul que usam essa droga, uma droga potencialmente ativa, como o
Dr. Raul, que é médico, já colocou, porque, na primeira ou na segunda vez em
que a pessoa usa, fica dependente.
Nós precisamos enfrentar esse problema, Ver.
Oliboni; portanto, a sua iniciativa é louvável, especialmente na cidade de
Porto Alegre. Há uma campanha num veículo de comunicação que habilmente mostra
a realidade, traz uma frase emblemática: “Crack,
nem pensar.” Porque, de fato, na primeira ou na segunda vez que a pessoa usa,
ela fica dependente da droga. E tem que ser assim mesmo, Ver. Oliboni: crack, nem pensar!
Quando o senhor traz, através do Projeto, a
instituição do Programa Municipal de Enfrentamento ao Crack, nós temos que ter em mente os dados que são colocados no
Estado do Rio Grande do Sul e, também, em Porto Alegre. A Fundação de
Assistência nos diz que, no ano de 2009, a equipe do Ação Rua realizou duas mil
abordagens de crianças e adolescentes na Cidade. E pasmem, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, trinta por cento desses adolescentes e dessas duas
mil crianças usam drogas, diariamente, na cidade de Porto Alegre, especialmente
o crack. Foram duas mil abordagens
realizadas no ano de 2009 - esse é um dado pesado, esse é um dado estarrecedor.
E nós não temos, no Município de Porto Alegre, não
só uma política municipal que dê conta desse enfrentamento, como também não
temos o atendimento. Há, sim, convênio com as comunidades terapêuticas para
internação, mas, quando os adolescentes, especialmente os meninos, retornam
para suas casas, retornam para suas comunidades, retornam para suas vilas, não
há um atendimento, um acompanhamento pós-internação para esse jovem, portanto
ele retorna a conviver na sua comunidade, próximo do tráfico, próximo do
traficante, e, Ver. Toni, ele volta a usar a droga.
E o que acompanhamos nos jornais da nossa Cidade -
Ver. DJ, que tem um trabalho forte na periferia: assistimos a mães e a pais
desesperados acorrentando os seus filhos e filhas para que não saiam para rua,
para que não usem o crack. Esse é o
quadro que está aqui na cidade de Porto Alegre, que não é diferente das cidades
do Rio Grande do Sul. Mas lamentamos profundamente que ainda não tenhamos
iniciativas fortes do Município para que dê conta, especialmente, desse
atendimento pós-internação. Mesmo com a nossa ação, com as emendas que propomos
no Orçamento para que o Prefeito Municipal faça, pelo menos, um projeto piloto
nesse sentido, não há vontade política para isso.
Portanto, sim, é importante este Projeto do
Vereador, pois vai haver aqui a implementação, de fato, da política municipal
do enfrentamento do crack. Parabéns,
Ver. Oliboni, obrigada pela oportunidade, votaremos... (Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. DJ Cassiá está com a palavra para discutir o
PLL nº 108/09.
O SR. DJ
CASSIÁ: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, na verdade, eu não ia encaminhar, porque este Projeto, Ver.
Oliboni, é indiscutível. Ouvi atentamente a explanação das senhoras e dos
senhores e quero dizer que nenhum de nós está livre. E eu tenho dois filhos.
Agora peço a atenção de todo os senhores e as senhoras que têm discutido tanto
essa questão do crack, com bastante
propriedade: quero pedir a todos que me ajudem a ajudar uma mãe que está me
pedindo socorro ali no gabinete.
Ela está desesperada, ela me disse: “DJ, o meu
filho ainda está vivo, eu tenho esperança”. Então, quero fazer um apelo:
ajudem-me a salvar essa criança! É o único pedido que faço. As senhoras e os
senhores têm vindo a esta tribuna discutir a questão do crack, então me ajudem a ajudar essa mãe que está desesperada,
pedindo socorro enquanto seu filho ainda está vivo.
Estou junto com o seu Projeto, não vou mais
discutir, não tem mais o que discutir; temos discutido bastante a questão do crack. Só quero pedir mais uma vez às
senhoras e aos senhores, sei que estão interessados nesta causa: eu quero
descer daqui agora e quero que as senhoras e os senhores me ajudem a ajudar
essa mãe. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Não há mais quem queira discutir.
Em votação a Emenda nº 01 ao PLL nº 108/09.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com voto contrário do Ver.
João Antonio Dib.
Em votação a Emenda nº 02 ao PLL nº 108/09.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com voto contrário do Ver.
João Antonio Dib.
Em votação o PLL nº 108/09. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com voto contrário do Ver. João Antonio Dib.
DISCUSSÃO GERAL
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC. Nº 0662/10 – PROJETO DE EMENDA À
LEI ORGÂNICA Nº 001/10, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que altera os
§§ 1º e 2º do art. 91 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre, dispondo
sobre a substituição do Prefeito no caso de seu impedimento.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Pedro Ruas: pela inexistência de óbice de natureza
jurídica para a tramitação do Projeto;
-
da CEFOR. Relator Ver. Airto Ferronato: pela aprovação do Projeto;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Elias Vidal: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- discussão geral nos termos do art. 129 do
Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do Dia em 17-05-10.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PELO nº 001/10. (Pausa.) Não há quem
queira discutir.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento:
autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 4269/09 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 206/09, de autoria do
Ver. Carlos Todeschini, que institui, no Município de Porto Alegre, o Programa
de Estímulo e Orientação à Seleção e à Reciclagem do Lixo. Com
Emenda nº 01.
Parecer:
- da CCJ. Relator
Ver. Waldir Canal: pela inexistência de óbice de natureza jurídica para a
tramitação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- incluído na
Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM em 17-05-10.
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): Em discussão o PLL nº 206/09. (Pausa.) Não há quem
queira discutir. Em votação. (Pausa.) O Ver. Carlos Todeschini está com a
palavra para encaminhar a votação do PLL nº 206/09.
O SR. CARLOS
TODESCHINI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu peço uma
atenção muito especial de todos para esclarecer o que estamos votando. Nós propomos
um Projeto de Lei Legislativo com uma norma legal que tem um sentido
profundamente educativo. Do que trata este Projeto de Lei? Trata de se
inscrever mensagens padronizadas, definidas, no verso das sacolas plásticas, no
verso da logomarca, com as inscrições para o sentido da educação ambiental,
fundamentalmente voltadas para a reciclagem. Inclusive, a Emenda nº 02
sintetiza todo o Projeto (Lê.): “Parágrafo 1º - As sacolas plásticas referentes
ao caput deste artigo conterão, na
face oposta à da logomarca da empresa e, em não havendo logomarca, em qualquer
uma das faces, orientações ao consumidor. Parágrafo 2º - As orientações na cor
verde identificam as sacolas que se destinam ao lixo seco e, na cor laranja, as
que se destinam ao lixo orgânico, conforme Anexos 1 e 2 desta Lei”.
Então vejam, senhoras e senhores, esse é o sentido,
apenas escrever em uma das faces, em cor laranja ou em cor verde, as
orientações para a reciclagem. O objetivo disso é diminuir o volume de lixo a
ser enviado para os aterros e aumentar a reciclagem, já que o interesse de
todos os supermercados é o de continuar usando as sacolas plásticas. Nós
fizemos duas audiências, uma delas muito produtiva, na COSMAM, e houve consenso
em apoiar essa ideia, porque ela prima pelo conceito da educação, da
conscientização, da lembrança, da prevenção, da necessidade da reciclagem e do
reuso dos materiais.
O Ver. Waldir Canal, de forma muito altiva, de
forma muito propositiva, encaminhou a Emenda nº 01, mas nós temos discordâncias
com essa Emenda, porque ela prevê no art. 3º o seguinte (Lê.): “O
descumprimento das disposições contidas nesta Lei acarretará as seguintes
penalidades: I - advertência; II - multa; III - suspensão temporária da
atividade; IV - cassação do estabelecimento ou da atividade”. Nós somos
contrários a isso, porque o sentido é, única e exclusivamente, produzir
elementos que aumentem a consciência, que aumentem a educação cidadã, a
lembrança, para que o resultado final seja um ganho ambiental. Fiquei muito
satisfeito na reunião da Comissão, porque todas as entidades presentes, e
estavam lá as grandes redes, deram apoio integral ao Projeto, como a Associação
dos Supermercados, o Sindicato dos Plásticos, as entidades ambientais; todas as
entidades presentes consideraram o Projeto importante, de forma também a
conduzir pela educação, pela conscientização, pela lembrança constante, um
efeito desejável para a sociedade.
Então, Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro, demais
Vereadores, espero o apoio dos senhores para a aprovação deste Projeto, pedindo
também, de minha parte, a rejeição da Emenda nº 01, agradecendo a contribuição
do Ver. Waldir Canal, mas ela não coaduna com o espírito do Projeto, porque o
espírito não é a punição, e sim a conscientização, os alertas e a lembrança
para a melhor reciclagem. Muito obrigado pela atenção de todos.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): A Verª Fernanda Melchionna está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 206/09.
A SRA. FERNANDA MELCHIONNA: Sr. Presidente, muito rapidamente eu gostaria, em
meu nome, em nome do Ver. Pedro Ruas, do PSOL, de encaminhar favoravelmente ao
Projeto do Ver. Todeschini, um Vereador incansável na luta das questões
ambientais, na defesa do meio ambiente na cidade de Porto Alegre. Tivemos a
oportunidade de estar juntos na cidade de Copenhague, batalhando para que
houvesse alguma meta peremptória de redução do gás carbônico, dos gases
poluentes que vão para a atmosfera do planeta. Lamentavelmente, pela postura de
países como os Estados Unidos e de tantos outros, não foi possível, e seguem as
mobilizações, nas ruas, da juventude, das organizações. Recentemente houve uma
conferência na Bolívia que lançou uma carta fundamental a ser lida na defesa da
mãe Terra, da preservação da natureza e de sobrevivência da espécie humana em
condições melhores do que hoje estamos encontrando.
Queria, muito rapidamente, dizer do mérito do
Projeto, em função da necessidade que temos de estimular a separação do lixo,
incentivar o reaproveitamento de materiais, o que é inclusive uma alternativa
de geração de renda, como nós já debatemos em outros momentos nesta Casa. A
ideia de, nas sacolas plásticas, dar orientações práticas de como fazer a
separação é fundamental. Muitas vezes, nós achamos que todos sabem o que é lixo
seco, o que é lixo orgânico, o que é lixo especial, mas, lamentavelmente, a
maior parte das pessoas ainda não sabe, pois falta educação ambiental, falta
política pública municipal, falta inclusive propaganda em grandes meios de
massa, auxiliando e estimulando a separação do lixo. Então, quero encaminhar
favoravelmente ao seu Projeto e pela rejeição da Emenda, porque não se trata de
punir. Nós não estamos tratando da necessidade de punição nesses casos, mas
sobretudo da construção de alternativas, de debates e de estímulo à separação
do lixo doméstico nas casas daqueles que pegarem essas sacolas plásticas.
O Projeto é meritório, tem o apoio do PSOL, como
todas as iniciativas que ajudem a reduzir os impactos sobre o meio ambiente por
esse modelo capitalista, que, em geral, constrói sem considerar a natureza,
como estamos vendo em Belo Monte, onde será expulsa uma população de 130 mil
indígenas, Ver. Pedro Ruas. Lamentavelmente, mesmo com a orientação do
Ministério Público, mesmo com a mobilização da comunidade, mesmo sem Estudo de
Impacto Ambiental, o Governo Lula cedeu toda a parte do rio Xingu para que,
infelizmente, uma grande hidrelétrica, leiloada para grandes conglomerados
internacionais, devasse a biodiversidade daquele local e varra de lá os últimos
índios remanescentes no nosso País, desse povo que vem sendo dizimado pelo povo
branco desde o início da chegada dos portugueses aqui. Mas felizmente a
mobilização dos indígenas tem defendido Belo Monte.
Enfim, este Projeto em especial é meritório e terá
nosso apoio; assim como a luta dos indígenas; assim como a luta contra a
especulação imobiliária; assim como a luta contra os desertos verdes, os pinos,
os eucaliptos; a luta para que os países industrializados aceitem metas
peremptórias num tribunal internacional para punir os países poluidores.
Certamente o Projeto do Ver. Carlos Todeschini é um passo para esse futuro que
queremos construir.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Beto Moesch está com a palavra para encaminhar
a votação do PLL nº 206/09.
O SR. BETO
MOESCH: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o tema
resíduos sólidos, Ver. Carlos Todeschini, cada vez mais desperta o interesse da
sociedade, porque é uma poluição visível, ao contrário de outras poluições,
como a poluição atmosférica, a poluição hídrica, a poluição do solo, a do
lençol freático. No tema resíduos sólidos, as pessoas veem, enxergam a
poluição, por isso elas priorizam - o que é muito bom, é claro.
Com relação às sacolas plásticas, Ver. João Antonio
Dib, temos outros Projetos de Lei que tramitam nesta Casa tentando disciplinar
a matéria, e fizemos uma Reunião na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, Ver. Dr.
Thiago Duarte, justamente visando a enfrentar esse tema. Ficou combinado que
faríamos uma segunda Reunião, para depois votarmos os Projetos de Lei. Mas o
autor entendeu que deveria ser em regime de urgência. Pena, porque entendo que
a Comissão de Saúde e Meio Ambiente poderia se manifestar sobre esta matéria.
De qualquer sorte, se, por um lado, é importante, sim - e aí vem o mérito do
Projeto -, tentar mostrar por cores como separar os resíduos, por outro, de uma
certa forma, mantém o status quo das
sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais - a isso, particularmente,
sou contrário. Mas sou a favor do Projeto de Lei, porque, na realidade de hoje,
nós disponibilizamos as sacolas plásticas para quem quiser, em abundância,
quantas sacolas quiserem.
Quatro pessoas que constituam uma família geram 300
sacolas plásticas por mês; somente 50 delas são usadas para o lixo doméstico;
sobram 250 sacolas, que vão para o lixo. Este é o grande problema: a abundância
de sacolas plásticas. Não basta a educação ambiental. Na verdade, ela não
ocorre, e a Comissão de Saúde e Meio Ambiente, inclusive, mais uma vez, entre
várias outras tentativas, busca a educação ambiental, Ver. João Antonio Dib,
algo que não existe. Mas que existia; quando eu era criança, eu assistia ao
“Sugismundo” na tevê, isso nos anos 70. Isso nós não vemos mais, não mais temos
campanhas de educação ambiental na mídia. E apenas educação ambiental não
basta; na minha opinião, nós teríamos que exigir a venda da sacola plástica
para quem quisesse usá-la: a vinte e cinco centavos, dez centavos, o que seja.
O problema não é o usar as sacolas plásticas, mas a abundância do uso, o
excesso do uso - isso nós teríamos que disciplinar.
O Projeto tem mérito no sentido de buscar a
educação ambiental, a conscientização da separação dos resíduos através de duas
cores - a verde e a laranja - para a separação dos resíduos gerados, mas de
longe enfrenta realmente o problema, que é a redução das sacolas plásticas,
embora busque separar aquilo que está sendo gerado, que é abundante. Sr.
Presidente, é mais um tema que deveríamos enfrentar com mais profundidade.
Houve uma Audiência Pública em 2008; fizemos uma Reunião, agora, na Comissão de
Saúde e Meio Ambiente, e vimos, Ver. Idenir Cecchim, que precisaríamos pelo
menos de mais uma ou duas reuniões para disciplinarmos melhor essa matéria tão
importante - mas, claro, o Ver. Carlos Todeschini conseguiu pautar, e isso já
um grande feito para esta Casa e para a cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para
encaminhar a votação do PLL nº 206/09.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, Ver. Nelcir Tessaro; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, o Ver. Beto Moesch deu o seu aval aqui ao feliz Projeto do nosso
Ver. Carlos Todeschini; trata-se de um projeto educativo, um projeto de
conscientização. Acho importante que se fale muito em conscientização, não só
em multa, multa e multa. Vamos fazer a conscientização. A população quer fazer
coisas bem-feitas e precisa receber condições. O povo entende bem e quer participar
das coisas certas.
Sobre colocar no verso a publicidade do
supermercado, não conversei com o Ver. Carlos Todeschini, mas imagino que
aqueles pequenos supermercados que não têm nada escrito nas sacolas, não têm
nada obrigando...
(Aparte antirregimental.)
O SR. IDENIR
CECCHIM: O Ver. Carlos Todeschini me esclarece fora do microfone.
A lei proposta é importante, e volto a afirmar que,
quando se trata de conscientização, de educação ambiental, nós todos temos que
apoiar, ajudar e fazer acontecer. Então, que seja mais um passo no sentido de
cuidar do meio ambiente, de evitar que o lixo reaproveitável pare nos aterros
sanitários, prejudicando os aterros sanitários, tendo esse lixo que ser levado
até à cidade de Minas do Leão, ou Minas do Butiá - não sei onde está esse
aterro. Esse lixo poderia ficar aqui nos galpões de reciclagem, para as pessoas
trabalharem com ele, reciclarem e reverterem em dinheiro. Então, Vereador,
encaminho também no sentido de aprovarmos o seu Projeto.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Toni Proença está com a palavra para
encaminhar a votação PLL nº 206/09. (Pausa.) Ausente. Não há mais quem queira
encaminhar.
Em votação a Emenda nº 02 ao PLL
nº 206/09. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 01 ao PLL
nº 206/09. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) REJEITADA a Emenda nº 01,
pela unanimidade dos presentes.
Em votação o PLL nº 206/09. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Tendo em vista a solicitação de
adiamento da discussão do PLCL nº 014/06 para quarta-feira, encerramos a Ordem
do Dia.
Passamos às
O Ver. Mauro Zacher está com a
palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.
Peço ao Ver. Mario Manfro que
assuma a presidência dos trabalhos, porque desejo falar em Comunicações.
(O Ver. Mario Manfro assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra em
Comunicações.
O SR. NELCIR
TESSARO: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, público que nos assiste, venho a esta tribuna, no período de
Comunicações, trazer ao conhecimento dos meus Pares e do público que nos
assiste um tema que é muito importante para a Cidade, que está se preparando
para os próximos jogos da Copa do Mundo de 2014. Ontem fiquei um pouco
preocupado quando assisti, de madrugada, a 1h, a uma reportagem de um canal de
televisão: vi a dificuldade de um cidadão que chega a Porto Alegre, ou que sai
de Canoas vindo para o Centro da Cidade, ou que sai da Av. Assis Brasil,
próximo da FIERGS.
No primeiro caminho, esse cidadão se preparou para
sair de Canoas, estava no centro de Canoas e queria vir até a Praça da
Alfândega. Veio seguindo a sinalização, e o trajeto, que deveria ocorrer em 23
minutos, levou 38 minutos. Veio pela Rodoviária, pela Av. Mauá e, quando uma
sinalização direcionava para a Praça da Alfândega, ali ele parou, porque não
havia mais sinalização adiante para saber como chegar até a referida Praça. O
outro trajeto, com simulação, era da FIERGS até o estádio que vai sediar a Copa
do Mundo, o Estádio Beira-Rio; o trajeto estava previsto para 35 minutos.
Quando o visitante chegou próximo a 48 minutos, o traçado das placas
sinalizadoras fez com que ele passasse pela Av. Carlos Barbosa, pelo Estádio
Olímpico, pela Av. José de Alencar e, quando chegou à esquina da Rua Silveiro,
não havia mais nenhuma placa indicativa de como chegar até o Estádio.
Então, eu fico preocupado; preocupado com os nossos
visitantes em Porto Alegre, preocupado com as pessoas que não conhecem Porto
Alegre e precisam se deslocar para a Zona Sul. E ficou ali demonstrado que para
sair de Porto Alegre e vir ao Centro da Cidade há boa sinalização, mas quem
quer entrar na cidade de Porto Alegre e se dirigir à Zona Sul encontra
dificuldade na sinalização, pela falta de placas indicativas. O Ver. Haroldo,
que viaja pelo mundo, que já foi narrador de tantas e tantas Copas do Mundo - e
será de mais uma -, sabe que para o visitante, para o turista é fundamental
haver uma sinalização dando o indicativo, principalmente, dos locais turísticos
de Porto Alegre: Praça da Alfândega, Catedral, Museu de Artes, enfim. É preciso
que o Centro da Cidade seja bem sinalizado.
O Sr. Pedro
Ruas: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Tessaro,
apenas para dar razão a V. Exª e lembrar que não são somente as placas de
sinalização de pontos turísticos que estão faltando em Porto Alegre, mas também
a sinalização e indicação dos nomes de ruas em todos os bairros e em todas as
regiões da nossa Porto Alegre.
O SR. NELCIR
TESSARO: Exatamente! Eu iria chegar a esse ponto. É lamentável uma pessoa tentar
chegar a uma rua de Porto Alegre e não encontrar a placa indicativa do início
da rua. Muitas vezes as pessoas perdem mais tempo na busca de informações do
que chegar ao seu destino. É muito importante o nosso Líder do Governo estar
aqui. Não é uma crítica a este Governo, foram tantos outros Governos, mas isso
talvez precise de um ajuste, de uma reunião com todo o Executivo, para
verificar e dar uma forma para Porto Alegre. Precisamos fazer com que existam
essas sinalizações, devemos dar a melhor e a maior atenção possível ao
visitante. Precisamos receber bem o visitante!
Nós precisamos dar qualificação aos motoristas de
táxi de Porto Alegre. O Secretário Cecchim, quando lá estava, iniciou um
trabalho de qualificação com os motoristas de táxi. Se vamos começar a fazer um
bom trabalho de qualificação, um trabalho de turismo receptivo, para que as
pessoas possam se sentir bem em Porto Alegre, vamos fazer também com que os que
venham de carro se sintam bem. Muitas pessoas da nossa fronteira e do Mercosul
virão aqui, não virão? Eles virão para Porto Alegre com os seus automóveis e,
quando passarem pela ponte do Guaíba, já não saberão mais para onde se dirigir.
Então, a minha preocupação é no sentido de que se façam, o mais rápido
possível, as sinalizações tanto das ruas da nossa Cidade como das placas
indicativas dos centros históricos e dos outros locais de visita a Porto
Alegre. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO
DE SOUZA: Ver. Mario Manfro, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o
Vereador-Presidente disse da sua preocupação a respeito da sinalização de
chegada a Porto Alegre para o Campeonato Mundial de 2014. Olha que está longe,
Ver. Pedro Ruas! Mas o problema não é esse aí; o problema maior é que eu não vi
até agora, por parte da EPTC e da Brigada Militar, um plano para a Copa do
Mundo. Ele não foi ainda testado, e isso já poderia ter sido feito tanto com os
40 mil espectadores que foram ao Estádio Olímpico quanto com as 40 mil pessoas
que estiveram no Estádio Beira-Rio no jogo contra o Estudiantes; no jogo contra
o Deportivo Quito também trancou tudo! Independentemente do horário do jogo -
nós não sabemos quais serão os horários das partidas aqui em Porto Alegre -,
independente desses horários, que Deus nos livre do horário das 16 horas!
Imaginem um jogo de mundial de futebol no Estádio Beira-Rio às 16 horas! Vai
trancar. E vai trancar, inclusive, no final do dia, porque, quando temos jogos
com um público superior a 40 mil espectadores no Beira-Rio, temos problemas de
chegada a partir das 17 horas tanto para quem vem da Zona Norte como quem vem
da Zona Sul.
Quando eu disse aqui que eu era contra a realização
da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, era exatamente porque eu já estava
sabendo que o Governo Federal estava mentindo, eu sabia que ele não faria as
obras necessárias para que realmente a Copa do Mundo fosse sediada dentro do
Estádio Beira-Rio e em condições de Primeiro Mundo - Primeiro Mundo que se diz
é quando da realização da Copa do Mundo, só isso. A FIFA, por exemplo, quando
tomar conta de Porto Alegre, venderá os produtos de seus patrocinadores sem
pagar imposto; burlará uma lei estadual que diz que é proibido vender cerveja
dentro do Estádio Beira-Rio e do Estádio Olímpico. Durante a Copa do Mundo, a
cerveja que patrocina a FIFA será vendida dentro do Beira-Rio e, pior, não
pagará o imposto por essa venda, porque a FIFA é “muito pobre”, precisa ser
auxiliada tanto pela Prefeitura quanto pelo Governo - aqui, no caso, o Estado.
Pela pobreza, a FIFA também precisa receber essas benesses do Governo Federal,
do Presidente Lula.
Então, o grande problema do
momento, com que eu estou preocupado, é o engarrafamento nas proximidades do
Estádio Beira-Rio. “Ah! Nós vamos fazer uma alternativa pela avenida, para que
quem for para a Zona Sul não precisar parar no Beira-Rio”. Mas o metrô
prometido, que iria desafogar, não vai sair. O que mais vamos duplicar até 2014 para evitar que os dois estádios de futebol... E vamos contar
só um, aquele que realmente interessa, porque vai sediar a Copa do Mundo? O que
foi apresentado, até o presente momento, de planos pela EPTC ou pela Brigada
Militar? Então, peço publicamente que a EPTC e a Brigada Militar nos apresentem
os planos que têm, as alternativas que têm, apresentem-nos as construções estão
sendo feitas. E, se essas construções com esses melhoramentos não estão sendo
feitas, a Brigada Militar e a EPTC teriam uma alternativa para resolver o
problema? O problema é bem mais complicado do que simplesmente chegar em Porto
Alegre e saber como chegar ao Beira-Rio. É mais complicado, é a realização do
próprio jogo começando no horário devido e com a presença dos torcedores dentro
do estádio, e não depois de meia-hora, de quarenta minutos, porque é jogo de
Copa do Mundo, e esculhambação não vale. Só vale quando é internamente, entre
nós. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário Manfro): O Ver.
Paulinho Ruben Berta está com a palavra em Comunicações.
O SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
todos que nos assistem, todos que nos escutam, eu venho a esta tribuna muito
preocupado. Estivemos com uma Comissão de Vereadores, por sugestão do Ver.
Sebastião Melo, visitando prédios antigos, prédios listados para serem
considerados tombados pelo patrimônio, e fiquei muito preocupado com a situação
de um prédio na esquina da Rua Riachuelo com a Rua Marechal Floriano, prédio de
dois pisos, com 98% da sua calçada obstruída, calçada que pertence ao cidadão,
que tem o direito de ir e vir - esses cidadãos são obrigados a adentrar na
pista da Rua Riachuelo para acessar as outras calçadas. E aqui quero
parabenizar o Ver. Melo e também outros Vereadores que têm tratado desse tema
na Casa.
Nós chegamos, entramos
e, atrás do tapume, encontramos um cidadão lá dentro. Perguntado a ele se ali
residia, ele respondeu que tinha passado a noite ali. Na realidade, ele reside
lá. Hoje é um cidadão que não tem onde dormir; amanhã será um ponto de tráfico;
amanha será um motel improvisado; amanhã poderemos encontrar um cadáver ali.
Mas, se é que existe culpado, nós temos que buscar não os culpados, mas a
solução.
O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) O problema do prédio da Rua Marechal Floriano
com a Rua Riachuelo é antigo. A Câmara há três anos fez esse levantamento,
ainda funcionava uma loja ali, e não foram tomadas as medidas que, penso, têm
que ser tomadas. O Poder Público tem de fazer uma intervenção pelo Estatuto da
Cidade, porque o dono não quer arrumar o imóvel, ele quer que caia, quer
vendê-lo e ganhar dinheiro. É um perigo aquilo ali, é um horror. Eu passo todos
os dias ali. Tem mais: ali é um grande ponto de drogas, a chamada
“cracklândia”, o que agora diminuiu um pouco porque fecharam dois botecos. O
terceiro não foi fechado, apesar da minha investida e da do Ver. Cecchim,
porque um Juiz achou que isso pode funcionar sem alvará. Aí, tenham paciência!
O SR. PAULINHO RUBEN BERTA: Agradeço-lhe o
aparte.
Aqui quero também parabenizar
os Vereadores que compareceram e que foram lá: o Ver. Nedel, o Ver. Bernardino,
o nosso Presidente da Casa - é tal a gravidade e a importância do tema, que o
nosso Ver. Nelcir Tessaro nos acompanhou -, o Ver. Sebastião Melo, que é o
proponente, o Ver. Oliboni e o Ver. Comassetto.
Realmente o Poder
Público tem que intervir; diante da tecnologia, tão rápida, tão moderna, que a
gente não consegue acompanhar, não é possível que a Justiça continue tão
morosa, Vereador! A Justiça tem que começar a definir as coisas! O Ministério
Público, a Justiça têm que começar a definir, ou não vamos ter mais como fazer
as coisas! Quase tudo está ficando em cima do Executivo! Hoje o Prefeito é de
um Partido, mas amanhã será de outro, depois de outro e depois de outro! A lei
tem que vir em favor do cidadão! De que maneira podemos ver isso? Nas
Secretarias os trabalhos acumulam-se, e elas quase não dão mais conta,
independente de cor, raça ou religião! E a Justiça na sua morosidade. Olhem,
estamos muito atrasados em várias coisas, e uma delas é a Justiça. Os
excelentíssimos Juízes que comandam essas comarcas, enfim, têm que elaborar
decisões mais rápidas, mais ágeis, para a Cidade continuar avançando!
Agora, imaginem
aquilo lá escorado em um pau oito por oito; o tapume que existe ali embaixo não
vai evitar um acidente de proporções gigantescas, principalmente na hora do
movimento. E eu vi senhoras desviando pelo leito da rua! Como vamos fazer
isso?! É preciso haver agilidade. E muitas vezes o Poder Público quer fazer e não
pode, porque a Justiça impede. A Justiça não... (Som cortado automaticamente
por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra em Comunicações.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Ver.
Mario Manfro; Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, público que nos assiste, apenas para colaborar, Ver. Paulinho Ruben
Berta, quero dizer que a situação das calçadas no Centro é uma verdadeira
desgraça em Porto Alegre! E a responsabilidade direta pela arrumação é dos
condomínios, é dos proprietários. A fiscalização é da Prefeitura, através da
SMOV, que não a faz. E digo mais: Porto Alegre convive há muito tempo com
tragédias anunciadas. Nós temos ali na Rua General Andrade Neves com a Rua
General Câmara, a Rua da Ladeira, uma esquina onde já houve tragédias, e
lamentavelmente haverá outras. É óbvio - e não sou engenheiro do tráfego - que
na Rua Andrade Neves só se pode entrar e subir a Ladeira, e o inverso já trouxe
e trará mais acidentes.
O que me traz à tribuna
em Comunicações é o registro, em forma de protesto, que faço em meu nome, em
nome da Verª Fernanda Melchionna, em nome do PSOL, com relação, Sr. Presidente,
à manifestação do Arcebispo Metropolitano Dom Dadeus Grings, na recente reunião
da CNBB, em que ele expôs, para todo o Brasil, posições equivocadas,
conservadoras e que estimulam o pior tipo de comportamento humano que existe. É
importante que o Brasil saiba que V. Exª Revma. não falou pelos gaúchos.
Suponho até que não falou pela Igreja Católica - suponho. Pelos gaúchos, com
certeza, não. Lá pelas tantas vi e ouvi, pela televisão, S. Exª Revma. falando
que já reconheciam os direitos dos homossexuais e que, daqui a pouco, estariam
reconhecendo o direito dos pedófilos. Mas que barbaridade! Isso é um acinte!
Ele comparou uma característica pessoal, individual, sobre a sexualidade de
qualquer cidadão ou cidadã, com um crime previsto na legislação internacional,
previsto na legislação pátria, algo que, ao longo da história, tem sido
considerado um delito terrível: o abuso sexual infligido a crianças. E disse
mais S. Revma.: que a sociedade brasileira era pedófila!
Mas com que direito
vem Dom Dadeus Grings dizer isso?! Com que direito?! Disse, Presidente Mario
Manfro, que médicos, empresários eram pedófilos e que ninguém falava sobre
isso. Isso não é verdade! E, se o são, se são descobertos, são denunciados,
sim, como não? E se esqueceu S. Revma. Dom Dadeus Grings de que os padres têm,
historicamente, um poder extraordinário nas comunidades, principalmente nas
menores e mais carentes, e esse poder torna o crime muito pior, porque a
confiança que despertam não é igual a que despertam outras atividades humanas.
E é aquela confiança o instrumento do abuso, a confiança desmedida utilizada
para um delito absolutamente inaceitável assemelhado ao crime de tortura! Foi
muito infeliz Dom Dadeus Grings. Lamento dizer, pois visitou-nos há poucos dias
S. Revma., foi por nós bem recebido, mas essa declaração não traduz o
pensamento dos gaúchos e, eu espero, o pensamento da Igreja Católica.
A Srª Fernanda Melchionna: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Ruas, quero
parabenizá-lo pelo excelente pronunciamento sobre essa fala que muito incomodou
todos nós, gaúchos e gaúchas que lutamos pela liberdade e pela livre orientação
sexual. Todos nós nos revoltamos muito com o que referiu Dom Dadeus Grings. Já
quero aproveitar para dizer que, na quarta-feira, o Grupo Nuances fará uma
mobilização em frente à Catedral Metropolitana contra essa declaração, e esta
Vereadora estará lá nas fileiras dos lutadores do Nuances
para condenar esse descalabro, esse absurdo que foi a intervenção de Dom Dadeus
Grings.
O SR. PEDRO RUAS: Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Beto Moesch
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, há mais tempo deveria
ter estado nesta tribuna para dialogar e, de uma certa forma, prestar contas
aos Vereadores, Sr. Presidente, que não fazem parte da chamada Comissão das
Carroças. Faço isso em tempo de Liderança e agradeço o meu partido, o Partido
Progressista. Instalamos uma Comissão Especial para tratar, Verª Fernanda - nós
já havíamos tratado muito deste assunto, assim como com outros Vereadores -, de
um tema que, querendo ou não, gera e tem gerado, há muitos e muitos anos, um
conflito até extremado aqui na cidade de Porto Alegre, que é a circulação de
carroças em Porto Alegre. O Airto Ferronato é o Vice-Presidente da Comissão, o
Luiz Braz é o Relator, e temos vários outros integrantes, como prevê o
Regimento Interno.
Os conflitos são dos
mais variados. Um é, sim, um grave problema social que existe: são pessoas -
não todas, mas muitas - que se utilizam desse meio para literalmente
sobreviver. Outro, e aí vem a questão da exploração, envolve os que alugam as
carroças: alugam dez, vinte, e temos casos de até sessenta carroças. São os
empresários das carroças, e esses querem que as carroças continuem na Cidade;
eles não dependem da coleta de resíduos, mas do aluguel de carroças. Não é só
nas Ilhas que há isso, há em outros locais na cidade de Porto Alegre. Temos
ainda um outro problema que é, Ver. Pedro Ruas - Vossa Excelência, em um
excelente pronunciamento, como sempre faz, falava aqui, em última análise, do
desrespeito às crianças, nas mais diversas formas -, a exploração do trabalho
infantil: vimos muitas crianças, muitos adolescentes com menos de 18 anos
conduzindo as carroças na cidade de Porto Alegre.
O problema é o trânsito?
Não! Na minha opinião, o trânsito não é o maior problema; o maior
problema é justamente esses que eu coloquei, mais a má gestão de resíduos, a
derrota do Poder Público perante essa situação, Sr. Presidente. E esta Casa já
havia legislado com relação a isso, porque, em 1990, numa ação sem precedentes
no Brasil, esta Casa aprovou, de forma corajosa, de forma técnica, o Código
Municipal de Limpeza Urbana. Na época, entenderam que, para termos uma razoável
gestão de resíduos, teríamos que ter um órgão para isso, que coordenasse esse
processo, não que monopolizasse, que é o DMLU. Entenderam, então, Ver. Pujol -
se não me engano, o Ver. Pujol e o Ver. Pedro Ruas eram Vereadores na época, eu
não era -, que a coleta e o transporte de resíduos competia ao DMLU; o que não
quer dizer que o DMLU não possa conveniar com outras instituições para também
fazer isso, mas compete ao DMLU, porque, senão, vira o caos! É o estado de
direito que precisa de regras e que precisa ser cumprido. Isso foi em 1990.
Mais tarde veio o Código Municipal de Saúde, que,
por uma questão de higiene, de Saúde Pública, de qualidade de vida, proibiu a
criação de animais de grande porte em área urbana. Depois veio a Lei dos Crimes
Ambientais, proibindo os maus-tratos aos animais, e, como se não bastasse, o
Código de Posturas, proibindo certos equipamentos utilizados em animais e assim
por diante. Após, esta Casa aprovou uma lei, de autoria do Ver. Sebastião Melo,
com várias Emendas de todas as Bancadas, buscando, então, dar um prazo para que
se organize isso. E é o que a Comissão está fazendo, e fez três reuniões: a
última com o Secretário Busatto; a antepenúltima com o Botin, novo
Diretor-Presidente da EPTC; e vamos ter, agora na quarta-feira, outra reunião,
para organizar isso e dar, principalmente, alternativas... (Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Nelcir Tessaro): O Ver. Dr. Thiago Duarte está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. DR.
THIAGO DUARTE: Ilustre Presidente dos trabalhos, Ver. Mario
Manfro; ilustres colegas, quero agradecer aos quatro Vereadores do meu Partido:
Mauro Zacher, Juliana Brizola, Tarciso Flecha Negra e João Bosco Vaz. Hoje
utilizo o tempo de Liderança para fazer um breve comentário sobre algumas
coisas que têm permeado - e o Ver. Elias Vidal, com muita propriedade, colocou
aqui - e permeou a última reunião da CUTHAB, no que se refere à questão das
multas.
Nós estamos enfrentando na Cidade uma grande
dificuldade com relação às multas aplicadas pela Empresa Pública de Transporte
e Circulação, temos recebido diversas reclamações nesse sentido, e aqui
estiveram algumas autoridades estaduais que vieram fazer o seu pronunciamento
enquanto cidadãos. Temos observado algumas irregularidades. A primeira delas é
um claro prejuízo à ampla defesa do cidadão: o cidadão é multado e não consegue
se defender. Há uma clara inversão do ônus da prova, ou seja, o cidadão que é
multado - as multas que nos chegam, as reclamações mais frequentes são
referentes ao telefone celular e à não utilização do cinto de segurança - tem
que fazer uma prova impossível. Como é que ele vai fazer a prova de que estava
usando o cinto de segurança e de que, naquele momento, não usava o celular?
Então, existe uma clara inversão do ônus da prova nessa situação, levando a
situações verdadeiramente escatológicas.
O Ver. Elias Vidal colocou aqui um fato que foi
discutido lá na Comissão, na CUTHAB, de um condutor que foi flagrado, entre
aspas, dirigindo com um animal doméstico, com um cachorro, ao lado. O cachorro,
segundo o que o fiscal colocou nas observações, utilizava o cinto de segurança;
só que o condutor nunca teve cachorro, ele não gosta de cachorro, ele tem
alergia a cachorro. Coincidentemente, naquele dia, ele realmente passou pela Av.
Ipiranga esquina com Rua Silva Só, só que, ao lado dele, não estava um
cachorro, estava a esposa dele, que ele tinha ido buscar no cabeleireiro. Outro
cidadão, que nunca teve telefone celular, tem um problema auditivo - é um
lutador de jiu-jítsu, que, normalmente, raspa a orelha no chão -, coçou a
orelha e foi multado por utilizar o telefone celular.
Em função disso, nós havíamos solicitado, há alguns
meses, um Pedido de Informações para saber a quantidade de multas aplicadas em
2008, 2009 e 2010, estratificadas por região da Cidade e por mês. Nessas
multas, há um outro grande problema, a questão dos recursos: quantos recursos
foram impetrados pelos motoristas? Quantos foram providos? Quais são as
principais multas? Aí, também, identificamos um outro grande problema que é o
poder do agente de trânsito, que acaba sendo maior que do Presidente da
República, porque da decisão do Presidente da Republica a gente consegue
contestar no Supremo, dependendo da decisão. Agora, do agente de trânsito não
se consegue; quando se recorre, sempre se perde.
Então, nós - eu, o Ver. Elias Vidal e o Ver.
Bernardino Vendruscolo - protocolamos uma solicitação de Comissão Especial para
analisar essa questão das infrações e dos recursos. Além disso, volto aqui a
empenhar o meu apoio ao Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo que disciplina a
ação do agente de trânsito na Cidade, no sentido de que ele deve voltar à
origem do Conselho Nacional de Trânsito, que é, sim, parar o condutor e multar.
Ninguém é a favor da impunidade, mas somos contra os... (Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Mario Manfro): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em
Comunicações.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Ver. Mario Manfro; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, a circunstância de nós sermos o último inscrito,
da relação dos pré-inscritos no Período das Comunicações no dia de hoje, por
paradoxal que pareça, confirma aquele aforismo popular que diz que os últimos
serão os primeiros. E eu estou sendo o primeiro a vir à tribuna depois de belos
pronunciamentos que focaram temas de atualidade que merecem uma
profunda reflexão. Em verdade, era minha intenção vir à tribuna falar de uma
série de assuntos do cotidiano da Cidade, coisas que dizem respeito às nossas
vias públicas, ao nosso trânsito, aos adolescentes desprotegidos, aos moradores
de rua, às carroças, às invasões de áreas públicas, a todas essas mazelas que
nos dizem respeito e que, certamente, sem nenhum demérito, são assuntos que devem
ganhar a nossa prioridade. Mas, em verdade, todos nós precisamos nos definir
sociologicamente, porque depende da visão que nós temos das coisas o maior ou
menor entendimento, nós poderemos aceitar ou assumir algumas dessas aparentes
distorções que, muitas vezes, são até um reflexo da realidade que existe, mal
contadas ou mal-apresentadas, que, quando são focadas de forma mais aguda,
geram estupefação.
É evidente, Sr.
Presidente, que o tempo nos ensina a aceitar e acolher muito daquilo que na
juventude, na rebeldia natural do inconformismo, o desejo de renovação e de
reforma não permitem que nós aceitemos. Mas, em cima dos meus 70 anos de idade,
eu posso, sem nenhum constrangimento, ditar à Casa, aos ouvintes, aos
telespectadores, ditar a todos um aconselhamento: raciocinem e voltem ao
meio-termo, reconheçam que in medio
virtus - na média está a virtude. Os debates acalorados, os posicionamentos
radicais e radicalizados que, sobre vários assuntos, têm sido pautados e
exercitados nos dias presentes são responsáveis diretos por essa radicalização
de posições que vão, pouco a pouco, depreciando e depauperando as mais
sólidas instituições, não escapando sequer a Igreja Católica, como se viu hoje
no debate que aqui ocorreu, nos pronunciamentos que aqui se auferiram. Por que
não se parar um pouco nessa escalada e fazer um raciocínio?
Muitas vezes, ao longo de minha ação política, fui,
por alguns, alcunhado de ser um negociador extremado, colocando, nessa minha
característica, o pejorativo, na linguagem dos meus detratores, de conciliador.
Eu, com muita honestidade, pego essa expressão de conciliação como um elogio e
não como uma ofensa, não como algo depreciador de uma personalidade ou de uma
atuação. Ora, Sr. Presidente, neste momento em que nós concluímos o nosso
pronunciamento, e estamos voltados não para o céu, mas exatamente para o
cronômetro, quero dizer a todos que eu tenho expectativa de que, nesta Casa, a
gente possa exercer a tolerância como uma das formas de compreensão entre as
pessoas e uma maneira pela qual... (Som cortado automaticamente por limitação
de tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Mario Manfro): Não havendo mais inscritos, estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 17h11min.)
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